sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Havia Bravura No Branco...







       Hoje, último dia do ano que fecha, passei por Higashi Kōen [東公園], aqui bem próximo do meu baluarte.



     À hora do meu encontro com o majestático Nichiren Daishōnin [日蓮大聖人], a neve já caía, infrene, numa dança bêbeda de lânguidos, rodopiantes, pequenos flocos brancos, cobrindo, exaustos, com seu alvo manto, tudo em seu redor...



      No frio afiado do cair da tarde, o sempre sereno e compassivo Daishōnin parecia hoje mais solene e desafiante que nunca!...
      
      E ao contemplar o altivo e escuro, firme bronze que lhe dá corpo, uma estranha mágoa tomou de assalto o meu peito — por um momento recordei o calor humano de todos quantos mais queridos me são no Mundo, cujo sorriso e abraço fraterno mais falta me fazem e em especial um velho amigo que não vejo há mais de ano e meio.


     O Bernardo é um desses enfermos alucinados que tornam dos países quentes*, como assim os designou Rimbaud nos seus sentidos versos, e que, a exemplo do Grande Bodhisattva Nichiren, optando por se guardar alheio às indulgências dadas de esmola aos que mais cuidam de arrecadar os meios de existir neste mundo efémero das coisas corpóreas que de erguer a vida aos domínios do Império da Alma, insiste em fazer ecoar a voz do Coração aos que ousam parar um minuto que seja a fim de a escutar, enfrentando, nessa escolha, todas as intempéries, toda a fria neve do tempo, todo o sol ardente no deserto da vida feita de compromissos inadiáveis, toda a ventania que arrebata e castiga o sonho. Para que a Nau do Espírito prossiga o seu curso a despeito da tormenta...

      E uma pesada saudade sobre mim se abateu.

   E uns quantos versos de sua pena urgiram largar infrenes contra a neve




"Havia bravura no branco
De um peito onde dormi...

"Fervores na bravura do branco
De um peito onde dormi..."**







Dedicado ao BERNARDO DEVLIN,
que o Novo Alvor te ilumine inteiro, meu Velho!





*J.A. Rimbaud, in  "Mauvais Sang"

**Bernardo Devlin, in  "Novo Alvor [O Canto Da Sala]"
do albúm "Circa 1999 [9 Implosões]" (ed. 2003)






quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

As Coisas Que Eles Me Oferecem... (II) — NINJA!!!





'Tenugui' (手拭い — toalha de algodão) com motivos e parafernália 'Shinobi' [忍び — 'Ninja']!

Agora é que eu vou andar a escalar telhados p'la calada da noite! 
Eheheheheheheheh!!!




segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

She Floats Like A Feather...




       Com todo o Carinho que devemos à magnífica Mao, verdade seja dita, é que a Miki é outro regalo para os olhos.  

        Ela é Luz. Ela é Cor. Ela é Alma. Ela é Graça. Ela é Tudo e as nossas almas vibram e lhe dedicam uma longa e emocionada vénia.



          E até o Fuji se curva...





Standing Ovation!

É ver e consolar os olhos, minha gente... 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

メリー クリスマス! - Lê-se "Meri Kurisumasu"... (Votos Renovados)


Nick Cave/Shane MacGowan - What A Wonderful World
アップロード者 EMI_Music. - 音楽動画をHD画質でもっと見る!



★ Um SANTO NATAL em Paz, Alegria e Saúde são os sinceros votos deste vosso NBJ do Lado Estranho do Mundo. ★ 


(Tinha pensado pôr aqui qualquer coisa de declaradamente kitsch à la Richard Claydermann, em jeito de brinde, mas... bom... afinal parece-me que partilhar esta boa recordação da minha mocidade — Oh! Quase nem dava por ela ao resgatar, da carcaça da minha memória, este tema e recordar como já lá vão quase vinte Natais que eu comprei este single em vinil, daqueles maneirinhos, de 7 polegadas, um tema de cada lado, quase, quase mal ele apareceu nas estantes de uma pequena loja próxima do lugar onde eu vivia e que entretanto fechou — e que conservo enquanto meu tema de Natal favorito de sempre — seria, em qualquer circunstância, a melhor prenda de Natal que aqui vos podia deixar!...)  


メリー クリスマス! Queridos Amigos!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Crónicas da Nova Guerra Fria



Novos vôos no horizonte:
F-1 em dia de treino e/ou aguardando reforma(s)?


          É assunto que, por diversos motivos e ordem de razão, tenho evitado trazer até este espaço, onde considerações em matéria de política e, em particular, de política internacional e em especial no que ao Japão e à Ásia Oriental se refere, não constituindo propriamente tabu para mim e não entendendo, eu, ser impróprio da minha parte abordar tais matérias neste blogue, em qualquer recurso não constitui território de escrita que colha a minha preferência — porque não sou analista nem nada que se pareça, não nutro quaisquer aspirações a liderar opiniões seja em que capítulo for, não domino, nem pouco mais-ou-menos, com absoluta segurança as questões em apreço neste campo e, quanto muito, limito-me, na posição geográfica, social e cultural em que me encontro, a reter, num lugar de espectador 'privilegiado' (enquanto gaikoku'jin*, como português e como 'ocidental')  de uma certa realidade, a abundante informação que diariamente diante de meus olhos desfila. O que, naturalmente, confina a minha liberdade de acção neste foro a uma moldura sobremaneira estreita. 

        E a prová-lo: os principais meios de comunicação social de cá, não cessam de dissertar sobre o tema.  Temos, por um lado, um Mainichi Shin'bun [毎日新聞], jornal de primeira importância no espectro mediático nipónico, tradicionalmente alinhado à Direita e manifesta e abertamente partidário de reformas constitucionais que permitam ao Japão, num futuro vindouro, resgatar a plenitude da sua soberania, mormente no tocante às responsabilidades em matéria de defesa nacional, a publicar a um ritmo quase-diário artigos bastante elucidativos no que concerne a um certo 'estado de espírito' latente no País do Sol-Nascente e entre a sua vizinhança — este e  este, e este e mais este, entre alguns exemplos mais expressivos — a respeito destas sensíveis matérias, e o certo é que o seu secular nemesis, o Asahi Shin'bun [朝日新聞], tradicionalmente alinhado à Esquerda e sobremaneira crítico de uma certa re-militarização do Japão, por estes dias, não pretendendo dar eco ao seu rival, reconhece contudo a mudança de paradigma dos tempos que se avizinham, para não dizer do 'tempo em que vivemos'. 

     

State of the Art Of War
Novo Mitsubishi ATD-X  5th Gen. Stealth Fighter
entrada a serviço prevista para  2014.
À altura dos J-10 da R.P.C.?

       



JIEITAI on parade: 22º Ano de Heisei [平成22年 (2010)], Outubro.

           


         E a verdade é que se há país no Mundo que, em matéria de Defesa, se acha numa posição no mínimo caricata, para não dizer absurda, esse país é o Japão
           Enquanto isso, a parada prossegue.






*literalmente: "pessoa-de-fora-do-país"(= estrangeiro) 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

De Quem Dobra O Cabo Do Tempo...








     Impressionante como este filme concebido há precisamente 30 anos se mantém absolutamente incólume no seu incomparável génio — isto sim, a verdadeira Glória de quem dobra o Cabo do Tempo e por ele passa sem mácula...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Haja Boas Notícias de Portugal...





Passo a publicidade, mas a verdade é que, como imigrado no Japão, simplesmente já não sei viver sem MUJI! sobretudo desde que aqui assentei praça, e se a rainha das lojas do simples, discreto, funcional e acessível já era para mim uma referência antes da mudança, então uma vez aqui fixado, passou a ser parte integrante de todo um modo de vida: de um simples par de peúgas ou de uma lâmpada de substituição até uma peça de mobiliário que faça falta e que fique bem em casa sem ter que abrir largo os cordões à bolsa, MUJI é a palavra de ordem.






Devo confessar que a notícia da abertura deste bazar da grande-marca-que-não-é-marca-nem-vende-marcas (vá lá! sejamos honestos: hoje MUJI é uma marca de per si como é evidente! acessível às carteiras menos dispostas a prodigalidades, é certo, e por destrinça face a esses outros bens que vulgarmente identificamos como "de marca", but nevertheless  hoje um "brand" sonante e "in") na minha Lisboa Antiga das vielas e calçadas, me deixou positivamente surpreso, até porque há muito me constara que o gigante nipónico do design funcional só abria lojas onde houvesse perspectivas de lucros avultados ao fecho de cada ano fiscal — i.e. grandes metrópoles onde imperam os padrões próprios de um elevado poder de compra, ou seja decididamente NÃO a Lisboa de hoje, e isto a salvo de quaisquer miserabilismos — pelo que o simples facto de estarmos perante um investimento na ordem dos 400 mil Euros, numa loja que ocupa dois andares em plena Rua do Carmo, só por si, já salta aos olhos como feito de se lhe tirar o chapéu, sobretudo tendo em conta que uma certa crise parece, de uma vez por todas, ter vindo para ficar...




Eu gosto muito dos produtos de 'tag' MUJI e, como fã e consumidor, recomendo vivamente a sua aquisição em qualquer circunstância, e apesar de a maioria dos mesmos ser hoje fluxo dessa descomunal e omipresente cornucópia do "Made in China" — algo a que tenho particular aversão, coisa que não escondo — a qualidade MUJI até hoje não me decepcionou uma só vez... 
Algo que também nos convida a reflectir...






São, em qualquer recurso e até prova em contrário, boas notícias e, a par destas outras ainda e  logo na mesma semana, são para mim como que prendas de Natal antecipadas. 
Assim fosse todos os dias....



Feliz Natal!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Um Lugar Em Paz... (III)











A salvo de todas as controvérsiasYasukuni-Jinja —  靖国神社  — e o seu anexo, o Yūshūkan遊就館 — deveriam, em qualquer circunstância, constituir ponto de referência e visita obrigatória para todos quantos visitem Tokyo uma vez que seja na vida.













Kudan, esse "Vale dos Caídos" de Yamato, é hoje um lugar em paz, ainda que velado por espíritos de má-memória e p'la tristeza dos que viram filhos, irmãos, maridos e pais, camaradas de tragédia, partir e não mais voltar.


Esta é a sua última morada.


































(1825 - 1869)





























































































































































































































神風




























— "Mãe" —











 母の像

—  Monumento às Mães Viúvas —