quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cantai, cantai!... (esta é mesmo muit'engraçada!... "Poño, Poño, Poño, Sakana No Kou, etc. e tal [com a letra e tudo]),




Esta mandou-m'hoje a Etsu, com a letra e tudo... É mesmo muito engraçada! Hihi...


Ora vamos lá...

ポーニョ ポーニョ ポニョ さかなの子
青い海からやってきた
ポーニョ ポーニョ ポニョ ふくらんだ
まんまるおな かの女の子

ペータペタ ピョンピョーン
足っていいな かけちゃお!
ニーギニギ ブンブーン
おててはいいな つな いじゃお!

あの子とはねると むねもおどるよーぉ
ワークワクチュッギュッ! ワークワクチュッギュッ!
あの子が大好き  まっかっかの

ポーニョ ポーニョ ポニョ さかなの子
青い海からやってきた
ポーニョ ポーニョ ポニョ ふくらんだ
ま んまるおなかの女の子

フークフク いいにおい
あなかがすいた 食べちゃお!
よーく みーてみよう
あの子もきっと 見ている

***

E já agora o trailer do filme (não sei se passou por aí... se não, toca a vasculhar pelo DVD). Do maravilhoso Mundo de Hayo Miyazaki .






In Memoriam: C. R. Boxer — Também Ele 'Um Português No Mundo'

Assinalando-se, hoje, 27 de Abril, dez anos sobre a morte de Charles Ralph Boxer (Sandown, Isle of Wight, Inglaterra, 8.03.1904 - St. Albans, Hertfordshire, Inglaterra, 27.04.2000), não poderia, de modo algum, deixar passar esta data em branco.

C.R. Boxer, como ficou seu nome gravado nas capas das obras que nos deu, assim como na memória de tantos de nós, será certamente por demais conhecido e objecto da mais sentida homenagem e veneração por tantos quantos de nós, pela História de Portugal na Ásia e no Mundo, e, em particular, pela História dos Portugueses no Japão — esses Nan Ban que um dia ousaram... — um dia se interessaram. E a respeito de Boxer, sua vida e extraordinária obra não me irei por aqui alongar, repetindo aquilo que outros, bem melhor do que eu algum dia poderia ter feito, escreveram em seu louvor e reconhecimento, limitando-me a remeter-vos para estes três magníficos textos na blogosfera Lusófona ⇓, por demais elucidativos, e a cujos autores — e porque para tanto nunca é tarde, assim quero crer — tomo esta chance para lhes prestar, eu, agora, a minha mais encarecida vénia: ao primeiro destacando-o no belíssimo e infelizmente hoje defunto Je Maintiendrai, daqueles que tanta falta faz, est'outro no extraordinário, mui recomendável e em grande forma, Macau Antigo, da autoria de João Botas, publicado há pouco mais de um ano, e, ainda este último, por mim mais recentemente descoberto, mui interessante artigo relativo à relação de Boxer com Armando Cortesão, e outros Historiadores e figuras suas contemporâneas, o Estado Novo e a oposição ao regime de Salazar nas décadas de 30 e 40, a propósito de uma polémica menos badalada mas de não menor interesse, artigo originalmente editado na Revista de Macau, e mui oportunamente trazido de novo a público pela mão do Daniel de Oliveira Cunha no seu não menos recomendável e muitíssimo interessante Lusofonia Horizontal, e façam favor de lá ir que vale mesmo a pena.






A obra de Boxer que ainda hoje mais me mesmeriza é esse "The Christian Century in Japan 1549-1650", editado em 1951, escassos seis anos volvidos sobre o fim do cativeiro do autor, às mãos do Exército Imperial Japonês, sorte que sofrera aquando da tomada de Hong-Kong, em Dezembro de 1941, constituindo uma das mais extraordinárias e meticulosas investigações num tema historicamente do mais complexo e hermético que se poderia eleger, e revelando-se claramente como o fruto da mais apaixonada predilecção temática, jamais enfadando o leitor por uma linha que seja — um estilo escrito surpreendentemente acessível e do mais cativante que poderíamos encontrar neste ou n'outro qualquer domínio historiográfico —, e tão mais exuberante ao termos em linha de conta que, não sendo Boxer um académico profissional — Boxer era Oficial do Exército Britânico, formado em Sandhurst e desde cedo educado na carreira das armas — e ainda que no período que dedicara à redacção de "The Christian Century..." tivesse (assim devemos crer) contado com o inestimável auxílio de amigos e contemporâneos seus como A. Cortesão — cuja amizade se diluiria após a publicação, em 1963, de uma sua outra obra, desta feita dedicada às relações raciais no Império Ultramarino Português (para conhecer melhor a quezília em causa, ler o artigo acima ⇑ em referência, no blogue Lusofonia Horizontal ) — a somar à sua experiência de três anos como adido militar no Japão, entre 1933 e '36 e o conhecimento privilegiado que deste, à época, ainda sobremaneira inacessível país, de tal experiência possuiria, ainda assim o vasto elenco de referências bibliográficas e documentais, a minuciosa investigação das questões maiores levantadas pelo tema em causa, assim como da extenssíssima tapeçaria de detalhes tantos, do anedótico ao sublime, "The Christian Century..." permanece, hoje, quase sessenta anos após a publicação da sua 1ª edição, como uma inequívoca obra -prima.

Dos tais NanBan [南蛮] dessa primeira, tão acidental e tão acidentada viagem — Mota, Zeimoto, Peixoto —, a Mendes Pinto e Francisco Xavier; do incidente do San Felipe à chegado de Joosten, Adams e demais Kou'mou [紅毛] — esses outros 'barbas-ruivas' dos Países-Baixos... — a bordo do decrépito Liefde, nesse Abril de 1600; de Shimabara à embaixada de Sequeira de Souza, a última, ao tempo de D. João IV, aqui tendes aquela que deveria ser a vossa próxima epopeia de leitura obrigatória.


A obra de C.R. Boxer, tão vasta, diversa e complexa quanto a sua própria vida, merecerá decerto a melhor atenção de todos nós, e a despeito das linhas menos elogiosas que em tempos terá, num ou n'outro volume — com ou sem o assento de outros contemporâneos seus que ao mesmo tema dedicaram a parte ou o todo de suas vidas — acerca dessa demanda do nosso Portugal no Mundo, Boxer foi, pelo tanto que deu e pelo tanto ainda que honrou o nome da Pátria de Camões, de pleno direito, também ele um filho de Portugal, um Português no Mundo, e ainda agora me interrogo como não tem este homem ainda sequer um nome de rua em Lisboa, e não estou a pedir uma estátua de bronze em plena Praça do Império.

A sua Esposa, Emily Hahn, terá dito, em tempos que só "Charles [Boxer] poderia ter dedicado uma vida inteira ao estudo de Portugal e dos Portugueses na Ásia, porque só ele era suficientemente louco para tanto...".
Assim fôssemos todos nós.


"Apparent rari nantes in gurgite vasto".

[Virgílio, Eneida, 1.118]


segunda-feira, 26 de abril de 2010

青銅 [Sei'Dou] — Bronze




Domingo, Higashi Kou'en [東公園 — O Parque Oriental ], ao cair da tarde.













Gosto muito das duas enormes estátuas em Higashi Kou'en, a primeira dedicada ao Monge Nichiren [日蓮大聖人 — Nichi'Ren Dai'Shounino "Mui-Santo-Homem" Nichiren, 1222 - 1282, fundador da Facção Budista que lhe toma o nome], a segunda homenageando o Ten'O Kameyama [亀山天皇], Tsunehito [恒仁], 1249 - 1305, nonagésimo Imperador do Japão e Soberano-Herói na defesa de Yamato contra as invasões Mongóis ao tempo do Kublai' Khan (1274, 1281).


O Céu estava perfeito. Coisa rara por estes dias.

(Hoje, logo p'la manhã, as nuvens tornaram a cobrir as cabeças. As das estátuas e as nossas. E está mais quente, o Tempo, por cá.)


Ontem, com o Sol em despedida, e a Lua a antecipar-se à noite, era assim.



Ontem foi um dia bom para fazer retratos.

Tarde solarenga.

Nichiren,
o Mui-Santo, aguardava as súplicas dos peregrinos da tarde, entre a folhagem das árvores.



























E ao tempo que lá vão os dias das sakura, mas há ainda as que teimam em permanecer ali, a venerar o Santo Homem...



















Nichiren, ali, e sempre, velando por nós.





















































Juzu [数珠], na mão direita (detalhe).































Há dias assim, click, click, click, click,

e os retratos fazem-se a si mesmos.









































































Um porto de abrigo. Um lugar de vigia.










O lugar da vigília.


("Não! Aqui as aves nunca dormem. Nunca dormem!")































(Há um Velho que diz: "Não! Aqui os Corvos nunca dormem!)







































E o Ten'O, também ele colhe o estranho auspício...





















































"Não! Eles nunca dormem!..."









































































"Nunca..."










◐ ◒ ◐




Parabéns Mimi!

Nascida a 25 de Abril de 1910, a Mimi faz hoje 100 ANOS!
MUITOS, MUITOS, MUITOS, MUITOS PARABÉNS MIMI!!!

Hoje é, sem sombra de dúvida, dia de grande festa para o meu Clã, pois que além de ser o 36º Ano de celebração do Dia da Liberdade para todos nós, a mais Antiga Alma na Família celebra hoje o seu 100º Aniversário!

Sendo sobrinha dos meus Avós paternos, Maria Alice, a Mimi como sempre tão carinhosamente a conhecemos desde miúdos, é Prima em 1º grau do meu Pai, mas tendo sido sempre muito chegada à minha Avó — lembro-me de as ver sempre, sempre, sempre juntas, na minha infância, fôsse qual a fôsse a altura do ano em que as vissemos — e devido à proximidade etária que as ligava (doze anos de diferença, a minha Avó nascera em 1898 — apesar d'a Mimi se dirgir sempre à minha Avó por esse deferente Tia [lembro-me tão bem das longas teimas opondo as duas!...]) eram, na verdade, como que irmãs, e essa inseparabilidade que era quase imagem de marca, era tal que, as gerações mais novas na Família habituaram-se desde sempre a encarar, a acarinhar e a guardar no coração a Mimi como se de uma Avó-de-facto se tratásse. E sobretudo desde que a minha Avó nos deixou há dezoito anos, a Mimi assumiu tacitamente esse papel de nossa Avó, in absentia dos nossos reais Avós que entretanto haviam partido.

É o Século da minha Família que celebramos hoje também: a Mimi nasceu na Figueira da Foz, no final do Reinado de D. Manuel II, a 25 de Abril de 1910.
Da implantação da República naturalmente não poderia guardar quaisquer recordações, mas ainda há uns anos poucos recordava, como se tivesse sido de véspera, esses eventos que a memória imprime na Alma como o cinzel grava os nomes, os números, os rostos da História em firme mármore:
a partida do Tio João, irmão da minha Avó, para a Frente da Flandres, com o C.E.P., em 1917, as notícias à época chegadas de um inóspito desterro, lá para as serras das cabras chamado Fátima, um certo dia 28 de Maio uns anos mais tarde, ainda a Tragédia de Espanha, a Barbarossa em '41 ("lembras-te Mimi?", perguntava-lhe um dia a minha Avó a propósito da Rússia, "Então não m'havia de lembrar Tia!?"), a alegria do Povo em festa e o pandemónio no Terreiro do Paço em Maio de '45, Delgado Sem Mêdo, os dias do Santa Maria, foguetões a subir ao espaço, até à Lua!, outra geração em armas a seguir desta para África... o seu 64º Aniversário...

É em dias como este que me custa estar tão longe. Hoje só posso estar perto no Coração.
Que seja não só um dia Muito Feliz para a Mimi: é já um dia de Júbilo para todos nós.

Esta é a mais sentida Homenagem, que no lado longínquo do Mundo onde me acho, lhe posso, hoje, prestar.
Obrigado por este dia Mimi!

HOJE É DIA DE FESTA, CANTAM AS NOSSAS ALMAS.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

女形 — Onnagata



Dez minutos — obrigatório ver até ao fim...

(excepcional, estonteante Hikinuki [引抜] aos 8.44...)



Recordemos.
Surgido nos primórdios do Período Edo — 江戸時代 [Edo Jidai] — e originalmente executado por trupes compostas, via de regra, apenas por mulheres, a partir de 1629, e por efeito do decreto shogunal que excluía estas do exercício desta arte de palco, todos os desempenhos no Kabuki passariam a ser, desde então, exclusivemente interpretados por actores do sexo masculino — regra que permanece escrupulosamente observada até aos dias de hoje —, sendo, desde essa época, todos papéis atinentes a personagens femininas, confiados, tão-só, a uma categoria muito particular de actores: os Onnagata — 女形, o primeiro Kanji significando "mulher" (女, On'na), e o segundo, 形, kata/gata, interpretando-se por "forma" ou "moldura", sendo estes "personificadores de mulheres" conhecidos também, coloquialmente, pela designação de Oyama [leitura alternativa para os mesmos dois Kanji assim conjugados 女形].

A singular arte dos Onnagata, transmitida trans-geracionalmente entre linhagens de actores remontando, em tantos casos, a esse imemoriável crepúsculo do Shogunato dos Tokugawa — período que, estendendo-se por mais de dois séculos e meio, e por efeito da pacificação do Japão obtida após a vitória em Sekigahara (関ケ原) em 1600, produziria um dos mais profícuos períodos na História das Artes e Letras do Japão —, obtém, nesta interpretação de "Sagi Musume" [鷺娘 — "A Menina-Garça"] pelo génio do 'Oyama' Bandô Tamasaburo V [坂東 玉三郎 五代目], tido como o mais prestigiado Onnagata da actualidade, um dos mais impressionantes desempenhos que me lembro de ter visto até hoje, no género...


...e se o leitor já chegou até aqui, é porque certamente está interessado no tema!...
Então porque não visionar o segundo fascículo deste acto? São só mais dez (sublimes) minutos!...




...e se o leitor se dignou visionar os dois clips precedentes na íntegra, então vamos lá até ao fim!...



素晴らしい、ですね。 Subarashi, desu ne?


sexta-feira, 16 de abril de 2010

アクロス / ACROSS


"To the centre of the city
Where all roads meet, waiting for you..." *


Ao cair da tarde, a Cidade dirige-se ao seu centro.

O centro de Fukuoka, o Forum, ou o seu simulacro, entre Nakasu [中州] e o Tenjin [天神], ei-lo: o Acros(s) — アクロス — e os seus babilónicos jardins suspensos...



















* in "Shadowplay", Ian Curtis/Joy Division, "Unknown Pleasures" [1979].