sábado, 26 de fevereiro de 2011

De Um Tempo Ausente



Shibuya, Tokyo-To, 11.04.1986






PLAY AT MAXIMUM VOLUME.

                   

                Há coisa de vinte e cinco anos ela passou por aqui.


          Nesta peça, entra logo mal, fora de tempo, a figura assusta, um desastre, um navio fantasma encalhado entre rochedos ao largo de uma praia de mau nome sob um soturno céu cinzento, uma vida inteira metida por um buraco negro sem retorno adentro... que é aquilo??

              Era o tempo, ele também, desse cornucópico Japão flutuando, embriagado, num mar de dinheiro, feito espécie de 'last resort' para todo o falhado das tabelas de vendas discográficas elsewhere — os tais 'Big in Japan' (porque não eram big em mais lado nenhum) —, e assim havia sempre, no fim, um cheque chorudo para toda a gente, e por um par de meses todo o biltre se reconciliava com a vida. Que o dinheiro não dá felicidade mas ajuda muito.

          Tudo contra, há, ainda assim, qualquer coisa de genuinamente transcendente neste som e nestas imagens...

             Qualquer coisa que arrepia — de tão belo quanto grotesco.


              A soundtrack for this weekend.  For every weekend.

   
             Tende a bondade.





❖❖❖




Station to Station

Nova Estação de Hakata — 博多駅 [Hakata Eki]—, Fukuoka,
da JR (Japan Railways) Kyūshū,
inaugaração prevista para 3 de Março



      

     É simplesmente indescritível, a experiência de acompanhar, com os olhos, desde a varanda de casa, dia após dia, noite após noite, ao longo de três pacientes anos, o erguer de uma obra desta envergadura.

       Com a finalização e chegada da nova linha do "Shinkansen" — 新幹線, o famoso 'comboio-bala', o 'TGV japonês' — à última província no limite sul de Kyūshū, a Prefeitura de Kagoshima [鹿児島], a 12 do mês que vem, é inaugurada já Quinta-Feira da próxima semana, a novíssima Hakata Eki [博多駅], até hoje a estação terminal do troço conjunto Tōkaidō + Sanyō Shinkansen, para quem viaje desde Tokyo nos magníficos Nozomi ou Hikari, até Fukuoka, a ponta mais ocidental do Japão, e vem substituir a estação desmantelada e reduzida às dimensões mínimas indispensáveis no início de 2008, escassos meses antes do desembarque deste vosso NanBan em terras de Yamato.






  Ora, como mero mostruário, aqui ficam alguns números:

  — nem um só dia de atraso na conclusão da obra (28 de Fevereiro era o prazo contratado pelos parceiros envolvidos na obra, para o encerramento dos trabalhos — hoje à noite, só se viam meia-dúzia de operários na área, atarefados essencialmente em remoção de materiais e limpezas...)

  — Cerca de 200.000 ㎡ de área, repartidos por 10 andares, com capacidade para cerca de 230 novos espaços comerciais; 

  — mais de 6000 novos postos de trabalho criados;

  — ainda antes da inauguração, o número de visitas diárias já terá ultrapassado a optimista expectativa das 100.000 pessoas...

  — uma previsão moderada de facturação comercial na casa dos 70.000 milhões de ¥enes (12 % do total do volume de facturação de todas as áreas comerciais de grandes dimensões em Kyūshū) para o primeiro ano de actividade, e de 93.000 milhões de ¥enes, em média, para os anos seguintes (estimativa em baixa);

— custo total da obra estimado em 80.000 milhões de ¥enes.

(Tudo números muito redondos, claro está [longe de mim, ter um mínimo que seja de pretensões de expertise nestas coisas], apurados, sobretudo AQUI).




    
    Números à parte, aqui vos deixo uma mão-cheia de retratos do novo Forum, feitos hoje ao cair da tarde.


 Espero que gostem.


 















































































































































































































From Station To Station,
From Kether To Malkuth... 






terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Digam lá o que disserem...


















O "Casablanca" da nossa geração.
      








Muito mais que um filme, um autêntico tratado sobre cinema.

Nunca me canso de o dizer.





Eu, aprendiz de calígrafo, me confesso... (IV)







Shodō — 書道 — da semana:





横溢





— Ō'itsu  —

"Exuberância"























(Precisamente, o que dá encanto ao Shodō 
não é  o domínio dos traços ou
o equilíbrio dos bushū*,
mas sim o elemento acidental 
em toda a sua espontânea graça.
Conto, em breve, regressar a este tema.)














domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Luta Continua.
























弐段
[Ni Dan]

— 2º Dan conquistado pela manhã deste Domingo, 
20 de Fevereiro de 2011 —

      









      Lua Cheia de véspera e o auspício do Sol radiante da Madrugada, deram bom fôlego a este vosso NanBan, que hoje acordou em melhor estado de espírito que aquele que o bafejou por ocasião da sua graduação anterior, há pouco mais de um ano.

       Uma vez mais, dedico esta página aos meus Queridos leitores.
       Bem-haja pela companhia que me fazem!







As fotos, como habitualmente, são obra da Etsu, a 'Sancha Panza' deste velho Quixote.






E um brinde à Vossa!

Hoje estamos todos de parabéns!




❖ ❖ ❖ 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Dazaifu, ainda...



















Ainda de Dazaifu
— 太宰府 —


Vultos.

Postais ilustrados à discrição. 
Ao vosso dispor.



















































































































































































































Another Green World








terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Da importância dos tais 'NanBan' explicada à miudagem...







「じろじろ ぞろぞろ」
("Jirojiro Zorozoro" intraduzível, assim me parece, mas a interpretação mais próxima deste original, onomatopeico título seria qualquer coisa como "Olhando os detalhes" [mas em rigor não é bem esse o conteúdo da expressão].)


       Souvenir da minha mais recente passagem pelo Kyūshū Kokuritsu Hakubutsukan — Museu Nacional de Kyushu —, em Dazaifu [太宰府], não podia deixar de partilhar convosco esta singela peça, um verdadeiro bestseller por estas paragens e um daqueles achados que, parecendo que não, tem sempre aquele benévolo efeito de espicaçar, um nadinha que seja, a nossa auto-estima colectiva, tão de rastos que ela anda nestes tempos, e é mesmo uma curiosidade a saudar com entusiasmo.





             Partindo de um dos mais famosos NanBan Byōbu — 南蛮屏風 — da Escola de Kanō — 狩野派 [Kanō-ha] —,  os tais "Biombos dos Bárbaros do Sul", representando a presença dos Portugueses dos Séculos XVI e XVII no Japão e, em particular, a colónia de Nagasaki, fundada  em 1571,  este "Jirojiro Zorozoro", pequeno livro para crianças, publicado pelo próprio Museu Nacional de Kyushu, percorrendo uma variedade de detalhes de manifesto interesse na obra de arte em causa e colocando a tónica nas imagens em detrimento do texto, explica, muito resumida mas ainda assim concisamente, a importância e a influência dessa remota herança da Dai'Kōkai Jidai— 大航海時代, literalmente "a Era das Grandes Viagens Marítimas" — na cultura nipónica.


            Uma pequena pérola a conservar e ideal para folhear ao serão em família.


Ora vejam!


見て下さい!