quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Antes que venha O Ano Do Tigre...

...nada como uma tarde bem passada, de neve e frio, em Shofuku-Ji (聖福寺), o mais antigo Templo Zen do Japão, cuja edificação, remontando ao Ano de 1195, é atribuída ao Monje Eisai Zenji (栄西禅師 - 1141-1215).
Fica aqui, a uns escassos quinhentos metros de casa, em Hakata, mas, por motivos vários, pouco lá passo.
Hoje, véspera do Ano Do Tigre, não queria deixar de lá ir uma última vez antes do costumeiro rito de passagem.

O céu parecia, de um certo prisma, não favorecer a visita, ainda breve que fôsse.

Uma neve suave.
Uma ligeira interferência na textura do ar.
Como essa sasameyuki (細雪), intraduzível, que deu título original à obra de Tanizaki Jun'Ichiro (谷崎潤一郎) mais conhecida entre nós pelo nome "As Irmãs Makioka".

Há algum tempo que queria escrever qualquer coisa sobre o Shofuku-Ji.
Vai-me escapando o tempo e o engenho.

Pensei antes em conceder-lhe o privilégio de inaugurar um ciclo de artigos que trago em mente há algum tempo, e ao qual achei por bem atribuir o nome genérico de Capítulos Omissos, por versarem, na sua totalidade, sobre temas e lugares por mim visitados ao longo deste tempo que me viu de passagem por este Japão, mas que, por império d'este ou d'aquele contratempo, aqui não calharam em seu momento próprio.

O dia de hoje, e a tímida neve que lhe deu a côr, quiseram antecipar este meu passo.

À vossa disposição: um lugar onde reposam (e reflectem) Almas Antigas...

...à cabeça das pontes sobre um rio d'oblívio...

...na margem da mais-ocidental das cidades deste Oriente...

...e cujo céu d'Inverno, antes que venha o Ano Do Tigre, reclama que o vosso olhar se detenha...

よいお年を - Yoi o'toshi wo.
Feliz Ano Novo.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

メリー クリスマス! - Lê-se "Meri Kurisumasu"...

Feliz NATAL a todos os leitores, amigos e quem vier por bem e a todos os demais que por cá passem, são os votos do coração do vosso NanBan.

...E não abusem das gulodices que vos faz mal (...ai que saudades de umas farturas... de uma rabanadazinha em vinho-do-Porto, que isso por cá não se arranja... ai, ai...).


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

23/XII: Parabéns Ten'O!

Hoje, 23 de Dezembro, dia do 76º Aniversário de Sua Majestade, o Ten'O (天皇) Akihito, Soberano do Japão, pontífice da mais antiga monarquia em exercício no Mundo, a qual remonta à longínqua data do Ano 660 A.C.
A data em si é o último feriado do ano no País do Sol-Nascente.
Muito poderíamos aqui dizer acerca do Ten'O, da sua eventual (ir)relevância no Japão d'hoje, da natureza das suas funções enquanto patriarca da Casa Imperial Nipónica e de Chefe de Estado, da sua menos conhecida e distinta carreira como Ictólogo - seguindo, aliás, neste campo, as pisadas de seu pai, o Imperador Shôwa (昭和天皇) - do muito ou pouco ou muito pouco que os d'aqui se permitem descortinar, de íntimo ou de público, sobre o assunto - esta é matéria de mais silêncios que falatório -, do passado que o antecedeu e do futuro que está ainda e sempre por escrever.

Da minha parte gostaria só de dizer que gosto muito do Ten'O.
Gosto dele, tenho por ele uma simpatia e um carinho quase-filiais, como se eu próprio de súbdito de facto do mesmo me tratásse; é daquelas coisas que não se explica, não dá direito a debates ou devaneios: sente-se. No coração. Pronto.

Eles podem dizer o quiserem e bem lhes apetecer sobre Sua Majestade e o papel da monarquia aqui, que tanto se me dá como se lhe deu. Couldn't care less. Eu gosto do Ten'O e penso que ele é uma figura de relêvo e a última força fundacional da Alma do Japão. Sem Ten'O, o Japão seria, de uma vez por todas, um país amputado do seu próprio coração. Por isso, fico feliz de ver O Imperador sorridente e de saúde, acenando à nobre gente que o veio saudar, hoje, ao Kokyô (皇居).
Parabéns Ten'O! Muita Saúde e Felicidade. Conte muitos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Da persistência da memória


Ele há dias assim. Dois ou três dissabores de enfiada. Uma quezília com os astros, assim dá de parecer. E depois há aquela minha melancolia crónica, que teima em dar sinais de vida em alturas destas. Coisa de fígados, diriam os nossos egrégios avós...

E num dia assim, nada como ser presenteado com um recuerdo desses de valor mais emocional que outro que se lhe queira atribuir, com as côres correctas e um peculiar ar-de-sua-graça.


Foi ao passarmos, pela tarde de ontem, pelo Museu Nacional de Kyushu (九州国立博物館 - Kyushu Hakubutsukan), em Dazaifu, nos arrabaldes da nossa Fukuoka, que demos de caras com o simpático artefacto na imagem, ali, relativamente incógnito, esse tenugui (手拭い) invocativo da memória NanBan por terras de Kyushu... A Etsu insistiu em dar-mo de prenda de dia-não, se há lá coisa para dar em dias destes... Coisa boa para sorrir como um miúdo a quem é dado um brinquedo novo... Até porque é particularmente reconfortante, em dias de má-memória como o de ontem, constatar haver merchandising deste com fartura em lugares como o Kyushu Hakubutsukan - havia lá, entre canetas, postais-ilustrados, blocos de notas, pisa-papéis e bibelots ligeiros para gostos menos exigentes, todo um sem-número de pequeninas lembranças dessas de fazer o gosto ao dedo ou de dar de omiyage quando se visita a família por cá, invocativos de uma certa portugalidade remota, todas elas ostentando a invariável carraca, essa icástica Nau do Trato, o Kurofune (黒船 - a Nau Negra) como lhe chamavam os daqui, e que nos idos de quinhentos, e por mais de seis décadas, ligou as praças de Gôa, Macau, Malaca e Nagasaki, entre longas e arriscadas empreitadas da fortuna prometida por mares d'Oriente, na reclusa solidão da tormenta, e que os ilustradores dos byôbu (屏風) de então trataram de imortalizar num certo imaginário colectivo.

E tudo isto não seria mais que um anedótico fait-divers, não fôsse o facto de por esse Japão fora, este vosso NanBan ter tantas vezes sido confrontado com a mais cruel e inusitada das ignorâncias acerca do seu país de origem: isto num país que além de afamadamente próspero e tido por 'educado' (era há não tanto tempo assim um dos campeões pêsos-pesados do investimento público em matéria de educação), viveu perto de um século da sua história com o nome de Portugal escrito nos respectivos anais, e que para além de uma muito significativa presença hoje de uma vasta comunidade imigrante Brasileira - e de uma forte e bem propagandeada ligação ao país que por seu turno acolheu, desde 1908, vários fluxos migratórios oriundos daqui -, reconhece a importância desta presença transoceânica, dando à Língua Portuguesa um merecido destaque de que não comungam outros idiomas ocidentais - veja-se, a título de exemplo, que em qualquer ATM aqui, figura um menú de opções/acções que além do idioma nacional contempla o Mandarim, Coreano, Inglês e, pasme-se, o PORTUGUÊS, assim bem escrito e claro, e não há espaço para mais (Français, Deutsch, Español, ficam de fora). Pois é verdade, caríssimos: já por uma mão-cheia de ocasiões, autóctones presumivelmente (bem-)educados, me perguntaram sem trejeitos de descaro que língua se fala em Portugal, fora as vezes, que já lhe perdi a conta, que nem com um planisfério à frente ou sequer um mapa da Europa diante dos olhos me souberam apontar com o dedo o país do Kurofune. Nem invocando o nome de São Cristiano Ronaldo o mais das vezes sequer lá vão.
E assim sofre o nome da Lusa Pátria no Mundo.

Valha-nos haver quem insista em remar contra esta maré vazante do oblívio colectivo e faça por vindicar a memória que é de todos, como os mentores desse exemplar NanBan BunkaKan (南蛮文化館 - Museu/Galeria da Cultura Nanban), instituição privada sita em Osaka, que recomendo a todos os interessados nestas coisas da lusitanidade no Mundo, e se por lá passardes.

Bom fim-de-semana a todos.

気をつけて / Ki o'tsukete.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ao cair do pano: hoje e sempre, em sentida homenagem a Yukio Mishima - 25.XI.1970


Foi há 39 anos.
A 25 de Novembro de 1970, Yukio Mishima interpretava o último acto da sua própria tragédia.
Lembramo-lo hoje, e sempre.


***


Sendo certo ser este um espaço onde a Língua Portuguesa é privilegiada em detrimento de todos os demais idiomas que eventualmente lhe confeririam maior visibilidade, e em proveito de todos os quantos, partilhando a língua do respectivo autor, se interessam ou interessaram um dia pelo Japão, o breve excerto desse documentário do canal televisivo ARTÉ, desta feita em versão germânica, com que hoje vos brindo, é, sem dúvida, uma das melhores peças sobre o Último dos Samurai e a sua derradeira gesta heróica.

Aos que de entre vós, e como eu, têm o respectivo Alemão menos aguçado ou do dito idioma nada entendem, sugiro que façam o impossível por encontrar a versão original do mesmo documentário (em Francês, assim estou em crer) ou noutro que dominem, o visionem, dele aprendam e depois meditem.

A Mishima, ao Camarada de Tragédia, hoje lhe dedico um sentido grito: 万歳!
- Banzai!, que significa, literalmente, "Dez Mil Anos!".



quinta-feira, 5 de novembro de 2009

03.11: Bunka No Hi (文化の日) - Dia da Cultura


3 de Novembro é sempre assim: "Bunka No Hi" (文化の日), "Dia da Cultura" - feriado nacional no Japão.

Pela manhã, Sua Majestade, o Ten'O (天皇), cerimoniosamente assistido pelo 1º Ministro (Shushou - 首相) atribui distinções a um número de eméritas figuras, homenageando os respectivos desempenhos em prol da Cultura e identidade nacional Nipónica. Este ano foram cinco as personalidades reconhecidas.

A tarde é preenchida com Kendo. O "Torneio de Kendo de Todo-O-Japão" (全日本剣道選手権 - Zen Nippon Kendo Senshuken), via de regra recebido no prestigiadíssimo Budokan (武道館) em Tóquio, é sempre o momento alto deste dia. Esta foi a sua 57ª edição.

A vitória coube uma vez mais a Uchimura Ryoichi (内村良一), 29 anos de idade, 5º Dan (五段) agente da Polícia Metropolitana de Tóquio, que teve pela frente um destemido Takahashi Hidehito (高橋秀人), contando este a mesma idade do primeiro, bem como o respectivo Dan e profissão. Para os interessados, tudo o mais sobre este evento poderão apurar, ao detalhe, aqui.


NOTA FINAL: Já no fecho da edição de hoje, não resisto a deixar-vos, em jeito de brinde, este pequenino clip (bem mais cativante que a minha caseira amostra, acima, captada directamente do ecrã da televisão, via handicam, e à falta de melhor...) em diáfana slow-motion, onde nos é dado contemplar em pormenor, e em breves 50 segundos, o magnífico ippon que ditou a vitória do dia.

O'tsukaresama deshita!


domingo, 18 de outubro de 2009

Flores Da Noite



Estranha é a noite.
Em Hakata.
Onde silhuetas se escondem e o silêncio das ruas se alumia, no céu sem estrelas de uma noite de Outubro...

Bem-vindas ó luzes saídas das sombras!
À hora da ceia de Sábado, eis o Hakata Tōmyō em todo o seu esplendor.
Entrai. A noite é vossa...
A "Festa das Lanternas" (博多灯明) em Hakata vem todos os anos por esta altura, ainda que em data incerta, mas sempre a um Sábado.
A imagem de cima foi captada da varanda de nossa casa. A grande Kame (亀) e os peixes, seus acólitos.

O ano passado a figura era esta (creio que não a tinha partilhado convosco antes):

Dois Katatsumuri (蝸牛) com as antenas viradas para nós e o Sol de adereço...

São milhares de pequenas lamparinas em invólucros de papel japonês de todas as côres a cobrir pátios, vias, corredores de acesso, as entradas das casas.



E nós, os transeuntes desta vida, somos levados, a divagar.
Mesmerizados pela profusão de impressões emanadas das pequenas lamparinas...




...que dão um outro ar de sua graça às estátuas dos Deuses...

...à memória de uma Antiguidade não tão remota assim...

...aos lugares onde jamais ousamos...

...às pontes que levam a lado-nenhum...

...aquele recinto ali, que há tanto me aguçava a curiosidade...


Ah! E ei-las:
As Artesãs Da Noite.

Geisha e Maiko-san são visões raras por estas paragens.
Esta é uma chance única para contemplar as Maiko de Hakata na timidez da distância...

...e os que mais se aventuram por terreiros secretos...

Boa-Noite a todos.


NOTA: As fotos são obra da Etsu, que ontem estava ao leme.




segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A IDEIA É MUITO INTERESSANTE, MAS...


...apresentar uma candidatura conjunta HIROSHIMA-NAGASAKI - cidades que distam quase 400 km uma da outra - aos JOGOS OLÍMPICOS de 2020 é manifestamente uma aposta arriscada e de difícil concretização. Em qualquer caso, à partida, eu APOIO.

LER a história aqui.

sábado, 10 de outubro de 2009

BOM FIM-DE-SEMANA. 2:45 Over Tokyo!

É um passeio ligeiramente mais extenso e seguramente bem mais tranquilo que o desses famosos trinta segundos do Tenente-Coronel James Doolittle - e do filme que lhe tomou o nome -, este que hoje, e aqui, vos proponho.

Faça chuva ou faça sol, seja de dia ou de noite, em boa companhia ou solitariamente às voltas perdido entre ruas sem nome nem placa, alucinando quixotescamente entre milhares de neons multicolores iluminando as avenidas de Shinjuku sem princípio nem fim, com Jogos Olímpicos ou sem eles, Tokyo é ainda, hoje e sempre, o Greatest-Show-On-Earth!


Boa Viagem!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Chicago, Madrid, Rio... ou Tokyo?




*
Das quatro cidades, a única onde nunca estive e à qual não guardo especial afecto é a candidata norte-americana, tendo, as três restantes, lugar cativo no meu coração, por vários e concorrentes motivos de simpatia e afinidade.

Sumariamente e começando pela última candidata elencada:

TOKYO-TO (東京都), JAPÃO - à Kyoto-do-Leste, guardo-lhe necessariamente um especial carinho, mais que por ser a majestosa capital do país que me acolhe, sobretudo porque foi nesta imensa megalópole - a mais populosa área urbana do Mundo - que pela primeira vez, já lá vão quatro saudosos anos, experienciei, com comovida surpresa, a delicada e tão gentil hospitalidade nipónica que ainda hoje tanto me impressiona e tomo de referência.
E não obstante a orgulhosa antiga Edo ter levado a melhor à minha mais querida Fukuoka, cidade de meu domícilio - que também ousou, em dada altura, apresentar a sua candidatura a este prestigiadíssimo evento -, de bom grado lhe dou uma terça parte do meu favor.
A dada altura ter-lhe-ia retirado a minha simpatia, ao ter sido previamente estipulado que a recepção dos jogos de Verão implicaria a destruição da mítica lota de Tsukiji - um dos mais emblemáticos lugares da grande Tokyo, que a perder-se inscreveria uma nova nota trágica na história de tão nobre quanto atribulada cidade -, mas tamanha insensatez acabou por sofrer vários revezes, e a área hoje adjudicada à candidatura nipónica é um espaço já antes atribuído a eventos da magnitude dos Jogos de Verão e a justificar o esforço de renovação que agora lhe foi destinado.
Contra a candidatura de Tokyo, ergue-se, curiosamente, uma parte muito significativa da opinião pública japonesa, hoje muitíssimo mais crítica do que outrora face a "extravagâncias" desta monta, nos quais o Japão é pródigo no abrir dos cordões à bolsa, e sobretudo sendo o tempo presente, virtude da crise financeira que bateu de súbito à porta, uma época de veementes apêlos à contenção e à "moralização" dos dispêndios públicos, discurso que aliás foi muito convenientemente apadrinhado pelo Partido Democrático do Japão e pelo seu líder Yukio Hatoyama, ambos recentemente brindados com uma estrondosa vitória nas eleições legislativas de Agosto.
Acresce - não sendo este necessariamente o mais pesado dos senões ao "bid" nipónico - que esta seria - se contarmos com a atribuição abortada de 1940 - a terceira vez que Tokyo seria chamada a realizar a edição dos Jogos de Verão, e não esquecendo a atribuição às cidades de Sapporo e Nagano dos Jogos de Inverno, em 1972 e 1998 respectivamente.

RIO DE JANEIRO, BRASIL - Onde há Brasil, bate um coração português. Do Rio só tenho nebulosas memórias de uma infância remota - tinha 5, 6 anos de idade quando lá estive pela minha primeira e única vez -, mas o Rio é sempre uma imagem estonteante na grande alucinação lusíada. Querer que o Rio ganhe esta causa, é querer ver nessa vitória algo de nosso - quanto mais não seja a primazia da Língua de Camões no anunciar de provas, títulos e heroismos ao longo das festividades, a ser-lhe entregue a comenda - mas é mais que isso: é um carinho, é um apego de família à Pátria Irmã, essa onde flui tanto do sangue e da Alma de Portugal. Deus Te abençoe ó lindo Brasil.
O Rio tem a seu forte favor o apresentar da sua candidatura num momento histórico de crescente e empolgada afirmação do Brasil no Mundo e sendo este o mais empenhado e apaixonado esforço até hoje visto por parte de um país sul-americano em trazer a grande parada olímpica para o seu continente, o qual nunca colheu a honra e o previlégio de tamanha chance.
De mal com o Rio de Janeiro, é certo e não há como negá-lo, pesa, acima de tudo o mais que se possa nomear, uma triste e dura história bem presente de desvairada violência urbana quotidiana, e esta constitui um embaraço de dificílimo desenleio para a Cidade Maravilhosa. Quero crer que este aspecto flagrantemente negativo para a candidatura carioca não terá sido negligenciado pelos respectivos promotores, mas o certo é que menos ainda o será por parte da instância decisória...

MADRID, ESPANHA - A España quiero mucho y aún más a Madrid. De Madrid tenho muitas e variadas recordações, e é, de todas as cidades de Espanha, aquela onde sempre me senti melhor acolhido.
Como não comungo de quaisquer sentimentos de anti-Castelhanismo primário, a questão de ter a capital espanhola como anfitriã dos Jogos não me faz a mais pequena espécie.
Madrid merece. E a exuberância de Madrid reclama esta oportunidade.
Recuso-me peremptoriamente a conjecturar sobre os hipotéticos benefícios ou malefícios (se os há quem os aponte) que a atribuição desta responsabilidade à terceira maior cidade da União Europeia traria ao vizinho Portugal. É matéria que relego para os especialistas de título e de direito na mesma. Em todo o caso, a candidatura madrilena é a segunda que pior conheço e como tal concluo aqui, e a seu respeito, a minha dissertação.

CHIGAGO, ILLINOIS, E.U.A. - E acerca da moção americana menos ainda tenho a dizer, para além do óbvio de que esta é uma candidatura muito forte e promissora, não obstando serem os Estados Unidos da América o país que possui, no seu currículo, o recorde de concessões na organização dos Jogos, contando o somatório - 8 ao todo - das atribuições referentes ao Jogos de Verão asim como aos de Inverno: Saint Louis em 1904, Los Angeles em 1932, novamente Los Angeles em 1984, e ainda Atlanta em 1996 (Jogos de Verão), recordando ainda Lake Placid, Squaw Valley, novamente Lake Placid e finalmente Salt Lake City, nos anos de 1932, 1960, 1980 e 2002, respectivamente (Jogos de Inverno).

Deixo-vos com o bonito filme promocional da candidatura de Tokyo, muito bem feito:


Gambatte kudasai!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Japão Dos Pequenitos



O Espírito de Yamato está vivo e recomenda-se.
De pequenito se torce o shinaizito.

Não, não! Desenganem-se aqueles que julgaram (pelo título do artigo) que vos ia falar de um recinto lúdico-temático como esse famoso parque infantil em Coimbra, das minhas delícias de infância.
Não, não. É outra vez o chato do Kendo.

Foi na Quarta-Feira dia 23, Feriado do Equinócio Outonal - 秋分の日(Shūbun no hi) - desde as 9:00 da manhã, no Minami Taiikukan (南体育館 - Ginásio Municipal da Zona Sul) de Fukuoka, e, claro está, eu não estou autorizado a furtar-me a estes eventos - os Sensei Kaneko e Kihara jamais me perdoariam que a um feriado eu me deixásse ficar no conforto do leito manhã adentro...
Toca a acordar seu malandro! E traz a câmera...

Os catraios do vídeo não teriam mais que seis a sete anitos de idade. Digam-me lá que não dá um gozo danado ver aquela garra combativa nos fedelhos!? Future Samurai.

Às cachopas - mais cresciditas - também não falta arte e engenho:


Enjoy The Shouting!








sábado, 26 de setembro de 2009

Indo o País a votos...


Por opção, mais do que por princípio ou feitio, abstenho-me o mais das vezes de me pronunciar sobre o cenário político do meu país.

É puro e simplesmente um tema de intervenção que há muito deixou de verter um mínimo de interesse que fôsse para mim, tanto o país em causa se tornou (ou deixou tornar), de há umas largas décadas a esta parte, presa da mais vil e abusiva horda de predadores de cargos públicos e clientelas privadas, que só um esgar do meu maior desdém lhe concedo.

Considero-me, para todos os efeitos - ainda que sem descartar um certo lirismo na palavra escolhida - um exilado. Estou aqui virtude da minha mais privada escolha, é certo. O meu país a dada altura entristecia-me tanto, que na hora de partir não hesitei por aí além. E é também certo que é aqui que gosto de estar e onde, paredes meias com todas as dificuldades de integração que me assistem, numa sociedade tão distinta daquela de onde vim e tão fértil em adversidades para quem de fora, dizia eu, é aqui que tenciono levar a minha vida - por muitos e bons anos, assim conto. E é por esse motivo que o que por cá vai acaba, muito naturalmente, por ter maior pêso no meu pensamento e opções temáticas.

Também, por opção, e também por princípio, quiz, desde o início, que este espaço não se tornásse tanto num confessionário umbilicocêntrico - como alguém recentemente tão bem qualificou (não exactamente nestes termos retorcidos mas recorrendo a outros relativamente parecidos) uma parte significativa dos blogues e webpages que abundam no nosso ciberespaço lusófono e não-só - mas quiz sim que este fôsse essencialmente um espaço de partilha de informação e de uma ou outra experiência pessoal que eu, na minha mais empírica vivência dos dias, tomásse por relevante ou digna de ser dada ao escrutínio público - ou quanto mais não fôsse, como dizia aquele slogan publicitário de uma conhecida marca de filmes fotográficos, para mais tarde recordar. Falar muito deste e/ou do mundo-que-há-de-vir não faz decididamente o meu género.
Não tenho jeito para isso.

Também não escondo - é público, basta olhar com um mínimo de atenção para este espaço - que sigo uma série de outros blogues, uns mais outros menos, aguerridamente entrincheirados nas mais diversas militâncias pelas mais dispares causas. No mais dos mesmos encontro alguma substância de valor: seja no opinar ou no estilo prosáico, aqueles que mais me entretêm ou me fazem acusar o toque têm todos eles o seu quê de louvável ou de cativante. Questão de gosto (discutível como todos os outros).

Mas em qualquer recurso, trago ainda e sempre no peito o meu país. Quer queira, me apeteça muito, pouco ou nada, que assim seja, não há como evitá-lo: é a minha Pátria e excede largamente toda a medida de todos os meus sentimentos, por mais que preferisse que assim não fôsse. Penso nessa pedaço do Mundo que me viu nascer todos os dias que passam.

E por isso, a propósito do que amanhã por lá vai, sinto agora uma urgência consumida em falar. Não me ocorre, acerca do teatro político que por lá vai a palco, muito mais do aquilo que disse ainda agora, um pouco mais acima, neste texto.

Dei hoje, força das circunstâncias, uma vista de olhos em diagonal por uma série de blogoespaços a cargo de muitas e eméritas pessoas (o último adjectivo escolhido não carrega a menor ponta de sarcasmo, digo-o com sentida simpatia, quando penso nos casos em que penso: you know who you are!) que não tendo tido, na generalidade dos casos, o prazer e a honra de conhecer pessoalmente, estimo muito no (semi-)anonimato e na distância.
Decidi por isso eleger - fui eu desta a eleger por minha exclusiva conta e risco! - o texto da nossa lusoblogª. no Mundo que mais me dissésse sobre o escrutínio d'amanhã.


Um Grande Bem-Haja, Leocardo!






quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Imagens D'Aqui

O fotojornalismo de primeira água do Mainichi Shinbun (毎日新聞), à vossa apreciação.

E enquanto os tempos são de crise, aqui faz-se o que se pode...


E eles lá poder, até podiam...

...mas para isso, primeiro é preciso que ele tome posse...

...e que antes disso vá ao Ten'O - o nosso Homem Do Leme...

...e só depois disso vai deixar de ter que aturar o outro, e depois disso é que pode então deitar mãos à obra...

...e sem perder a cabeça...

...ajudar a mandar os problemas deste país e do resto do Mundo p'ró espaço...
(calma minha gente!... Não é mais uma daquelas provocações do Kim - nem a resposta, não-sei-quantos meses depois, dos daqui. É mesmo só um foguetão que partiu de Tanegashima na Sexta-Feira para levar uns haveres até à I.S.S.)

...sim, porque aqui nem tudo são rosas...

...e enquanto um tsunami ou uma guerra com a DPRK não são mais que simulácros...

...a malta vai açambarcando o que pode... (Yes, We Can!)

Bem, isto sou só eu a fazer um grande filme (e ela ajuda - e se houver mesmo mocada com a DPRK, aí é que ela ajuda mesmo!)

E se a DPRK quiser mesmo meter-se com a malta d'aqui, eles também dão uma mãozinha!...