Царь-бомба — Tsar Bomba, 30.10.1961 |
Assinalados 50 anos sobre a sua detonação ao largo da Baía de Mityushikha, Novaya Zemlya, Círculo Polar Ártico, a 30 de Outubro de 1961, hoje, e para memória futura, relembramos.
Para que qualquer um de nós, comuns mortais, possa ter uma ideia da dimensão do poder destrutivo deste peculiar engenho do Juízo Final, bastar-lhe-á imaginar uma estrutura capaz de albergar cerca de 58 mega-toneladas de TNT, ou seja qualquer coisa com a altura e o diâmetro de base da Torre Eiffel...
Recordemos ainda que o plano original para este brinquedo soviético era de o conceber com quase o dobro da referida potência explosiva — 100 mega-toneladas —, porém a sua concretização por esses valores revelar-se-ia inviável...
Com a Tsar, a Guerra Fria atingia o seu auge, e com este o apogeu da capacidade auto-destrutiva da própria espécie humana... Algo de irrelevante, se for tomado em linha de conta que o relatório da comissão de análise do teste balístico de 30.10.1961 daria ogivas desta envergadura e poder destrutivo como impróprias para uso militar — afinal a intenção era só ver se conseguiam...
...E que a resposta Norte-Americana — após indignados protestos junto da Assembleia Geral das Nações Unidas, pela voz do seu então Embaixador Adlai Stevenson (VER: 2º vídeo que se segue) — resultaria nas Operações Dominic I e II: 105 bombas de hidrogénio e afins detonadas num espaço de pouco mais de seis meses — Abril a Novembro de 1962 —no Pacífico central e no Nevada Test Site, seguida de mais uma série de 48 ensaios, intitulada Operação Storax (1962-63)...
(Este breve compêndio audio-visual aqui trazido há uns meses poucos, permite visualizar melhor a troca de mimos...)
Ainda acerca da Ivan, destacar que a mesma, ao que consta, teria dez vezes a capacidade destrutiva de todas as bombas usadas na II Guerra Mundial — uma pequena maravilha —, e de lá para cá o Mundo em que vivemos não parece ter merecido melhor atenção de quem possui ou pretende possuir caixas de Pandora como a Tsar — e ainda que a sua mais próxima sucedânea tenha, ao que consta, sido objecto de desactivação definitiva ainda a semana que passou: ambas as super-potências de há cinquenta anos somam juntas cerca de 10.000 ogivas estratégicas na sua posse (E.U.A.: 5021, Rússia: 4650), ao que cabe contabilizar ainda o somatória das das ditas potências menores (Grã-Bretanha, França, R.P. da China, Índia, Paquistão, República Popular Democrática da Coreia [do Norte], Israel [seguramente], e em breve a somar-lhe as da República Islâmica do Irão...)
Tempo ainda de recordar — e a fechar — o delirante humor negro de Stanley Kubrick pela voz desse inolvidável Doutor Merkwürdigliebe (o génio de um século de comédia, Peter Sellers de seu nome, no papel de uma vida a somar a mais dois na mesma película de 1964, inspirada nos eventos acima descritos), e a sua elucidativa explicação de uma certa 'Doomsday Machine' — provavelmente a melhor caricatura alguma vez concebida do mais absurdo e absoluto horror ali mesmo à nossa porta.
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