"Rari nantes in gurgite vasto."*
Virgilio, "Eneida", I, 118.
Mais elucidativo que este gráfico é impossível. (clicar para aumentar) DAQUI |
A propósito de uma notícia saída hoje no ASAHI [朝日新聞], e porque raros são — assim creio — os que lhe prestarão a devida atenção.
Lantâneo, Cério, Praseodímio, Neodímio, Promécio, Samário, Európio, Gadolínio, Térbio, Disprósio, Hólmio, Érbio, Túlio, Itérbio, Lutécio, Escândio e Ítrio — são os estranhos nomes de 17 elementos químicos vulgarmente designados terras raras ou Rare Earth Elements (REE) ou, ainda que de forma mais imprecisa, Rare Earth Metals.
Sucede que os ditos REE oferecem uma ampla miríade de aplicações, sobretudo na produção de modernos bens de uso com crescente procura e, efeito do advento de novos desafios tecnológico-industriais, esta curiosa classe de recursos — que, note-se, nem serão tão raros assim de encontrar em alguns casos — tem vindo a proporcionar uma das mais aguerridas corridas de que há memória em matéria de prospecção de minérios, algo como não se via desde a interminável batalha por petróleo que dominou grande parte do século anterior e persiste em cativar a atenção da maioria.
Sucede ainda, que, hélas!, os suspeitos do costume lograram, ao longo da última década, (quase-)monopolizar a produção destas cobiçadas matérias-primas, com uma 'quota' de produção actual na casa dos 97%, e ameaçam hoje reter o grosso da colheita para consumo da casa, face à estupefacção dos que não duvidam estarmos perante a utilização abusiva de uma nova e importantíssima arma política. Regra básica à la Michael Corleone: caso alguém acuse o toque e nos acuse de prevaricar, negar, negar, negar e negar! até ao fim e por mais repulsivo que o descaro soe.
Mais e a respeito deste ponto, em Português, AQUI.
De recordar, ainda, que a Molycorp Inc., maior produtor mundial de terras raras até meados da década de 80 do século passado, encerrara já, e ainda no último decénio, todos os seus centros de produção nos E.U.A. face à incapacidade em manter condições de concorrência que lhe permitissem competir contra o grande devorador.
É por isso que notícias como estas e ** a que hoje destacamos via ASAHI SHINBUN, devem ser encaradas como significativas, ainda que tímidas, vitórias, num mundo que arrisca cada vez mais, e a cada dia que passa, ficar inteiramente à mercê de um só país voltado exclusivamente para si próprio e seus interesses, e porta-estandarte de uma visão do mundo e do futuro absolutamente inaceitável, e ainda que apresentada sob a retórica de uma ilimitada benevolência — como, aliás, outra coisa não seria de esperar da sua parte.
De destacar ainda, e a propósito deste tema, pelo menos uma notícia, não tão distante assim no tempo, sobre o eventual papel que Portugal poderá vir a ser chamado a desempenhar nesta contenda e num futuro próximo — assim se confirme estarmos mesmo defronte de uma importante oportunidade e assim haja visão para a agarrar.
* "Raros são os que nadam (se atrevem/se aventuram) no oceano"
"It's a competitive world,
Everything counts in large amounts."
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un placer leerte...
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