福岡空港 — 15.X.2011 |
Ah! O Deslumbramento, esse maldito vício!...
Pelos anos fora, ele há-de haver sempre lugares, rostos, vozes e causas dotados desse condão de reter o melhor dos nossos afectos e vontades, por extensos períodos de tempo e contra a experiência adquirida que teima sempre em recordar-nos que nada é para sempre e que nem tudo o que luz é oiro, mas o bem mais das vezes, e por mais que recusemos aceita-lo, mera jóia de fancaria.
Até ao dia em que se opera de per si, e sem aviso prévio, essa inevitável mudança de perspectiva, e então... aquilo, aquilo que idolatrámos em profunda hipnose, se revela, em toda à sua extensão e inelutável verdade. Máscara que cai, cicatriz oculta, míseros bolsos vazios em traje fino. O rei vai nu.
Por mais que os anos passem, não há como aprendê-lo, e o amestrar do olhar exigente e escrupuloso é tarefa ingrata. Sempre. Até à cova.
Não há emenda. Só fadiga e decepção.
Eno: "An Ending (Ascent)"
(1983)
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