quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

...E É Assim, Branco No Preto...




Antes disso ainda tive a felicidade de os ver live num pequeno clube em Tóquio, em Abril do mesmo ano. Devo dizer que o espectáculo não me impressionou  nem pouco-mais-ou-menos por aí além (de uma banda em fim-de-digressão, afogada em jet lag, a despachar temas de um único album, o de estreia, como quem acaba de limpar a casa ao fim do dia e está mortinho por uma boa noite de sono, que mais esperar?...) mas nem assim, por um instante, duvidei estar perante um jovem trio-que-é-quarteto dotado de uma das melhores químicas sonoras das últimas duas décadas...


Agora expliquem-me lá os doutos titulares das cátedras do costume, nestas coisas pouco ou nada academicamente relevantes, onde está o mal desta rapaziada na casa dos vinte e poucos  usar e abusar de riffs, linhas de baixo e synth-string arrangements que nos remetem, inevitável e invariavelmente para as mesmas referências de sempre — Joy Division, Wire, Chameleons, Echo & The Bunnymen, Teardrop Explodes, Cure '82 ou mesmo uns Ultravox! (fase John Foxx|"Systems Of Romance") ou uns Duran Duran (1981-'85)...  Quem aqui não tenha pecado, que atire a primeira pedra... (e bem sabeis de quem vos falo...)




O Rock é mesmo assim: o mesmo jogo com o mesmo baralho de sempre, as mesmas cartas baralhadas um cento de vezes e tornadas a dar, com que os mesmos truques e míseras batotas prestidigitadas um, dois, outros três centos de vezes, se apresentam e sucedem perante os que nunca se import(ar)am de ser ludibriados — até gostam! —, porque o que interessa é tão-só a emoção do jogo e nunca a sua originalidade. Os mesmos clichés reciclados até à exaustão? Claro que sim! Mas que os reciclem com pinta!
'The rest's the same ol' white lies...'

(Oh! E quem me dera ter outra vez dezoito anos e poder estar numa banda assim...)

Novo album na calha. Ao que parece chama-se "Ritual".  
(que título perfeito! Melhor só mesmo "Ritual de Lo Habitual", mas desse já outros se lembraram, vai para mais de duas décadas!...). 
E, em todo o caso, este é um rito que eu celebro com todo o gosto!

Espreitar aqui. ☟








4 comentários:

  1. NBJ,

    Gostei muito deste teu post.
    Que importam os clichés, se na realidade somos nós que escolhemos aquilo que ouvimos e gostamos de ouvir?
    Já não podemos ter 18 anos, mas podemos sentir várias emoções como se tivéssemos 18 anos e isso traz-nos um misto de adrenalina incrível...:)

    Um beijo

    Blue

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  2. É.
    É exactamente isso.
    Eu sinto que cresci ao som de determinadas sonoridades que, muito naturalmente, associo a determinados estados de conforto ou de bem-estar emocional, e naturalmente escutar certo tipo de melodias, ou vozes, ou ritmos, ou 'riffs' de guitarra, faz-me sentir bem ainda que o tema possa ser manifestamente "pobre" do ponto de vista da originalidade ou da complexidade de elementos que o compõem.

    Certo rock da década de 80, como, de uma maneira geral, os nomes que eu aqui invoco, têm, muito naturalmente, para mim, um efeito muito revigorante — uma questão geracional, será? — porque associo a música desses grupos aos melhores anos da minha vida, é tão simples quanto isso!
    Quando leio cinco ou seis críticas em certa 'imprensa on-line' que não são mais que 'copy-paste' umas das outras, a desancar num grupo como estes White Lies porque simplesmente se limitam a reabilitar o som desses outros grupos que ouviam em casa dos primos mais velhos sob a tutela destes, faz-me uma espécie terrível! Acredita...
    Que importa a originalidade na música popular, por Amor de Deus!
    É ridículo.
    O que conta são as cores que os temas nos trazem à vida! É ou não é? ☺

    Feliz, sempre, de te ter por cá. ☀

    Bjx.

    NBJ

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  3. Claro que é NBJ, por alguma razão eu já não leio criticas de qualquer espécie, nem de música, nem de cinema, nem de literatura e por aí fora. Sigo o meu instinto e sinto o que me faz sentir. Não tenho paciência para ler tanta estupidez escrita por pessoas que não conseguem respeitar o facto das emoções,estética,sons entre um conjunto enorme de factores não serem geridos da mesma forma, porque as pessoas são diferentes e sentem de forma diferente. Relativamente ao cinema tenho os meus padrões, gosto de saber quem realiza, quem são os actores, a história, mas não é uma critica boa ou má que me leva à sala de cinema, gosto de saber a opinião de pessoas próximas que se identificam com os meus gostos será sempre valorizada.
    O mesmo se passa com a música, apesar de eu ter um gosto bastante diversificado, também eu vou ''alimentar-me'' aos sons do passado que se mantêm de forma intensa no presente.Sem dúvida existe uma questão geracional.
    Nem imaginas o gozo que ainda me dá, uma vez por outra ir para o ''Tóquio'' no Cais do Sodré para poder dançar ao som de músicas que gosto de ouvir e não passam em mais nenhum lado...:)

    Beijo musical

    Blue

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  4. "Encarai doravante todos os críticos como gente inútil e perigosa."

                            Marinetti, c. 1909

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