Uchikomi [打ち込み] + Kakari'geiko [かかり稽古]*
Para os já familiarizados com a prática do Kendo [剣道], as imagens não deverão dar causa a qualquer perplexidade.
Para os menos ou nada familiarizados com a prática do Kendo, fica o esclarecimento: Uchikomi keiko [打ち込み稽古] é um exercício fundamental na prática desta exigente arte d'armas e consiste na situação em que um dos kenshi (praticantes) apresenta, em rápida sucessão, um número indeterminado de suki ('aberturas' susceptíveis de receber os golpes do adversário), devendo o co-praticante executar as técnicas de combate, ditas waza [技], de forma correcta, rápida e determinada e sem perder concentração ou esmorecer por efeito da fadiga, 'agarrando' o máximo possível de 'suki' que lhe são apresentadas...
かかり稽古 — Kakari'geiko, por seu turno, assemelhando-se ao Uchikomi keiko, acrescenta-lhe um 'extra' de agressividade e de intensidade, devendo, neste caso, o shidachi — o aluno — procurar, de uma certa distância, desequilibrar o motodachi — aqui, o Mestre — e este deve aparar e corrigir os golpes e a postura do shidachi quando estes se mostram incorrectos ou de fraca valia.
かかり稽古 — Kakari'geiko, por seu turno, assemelhando-se ao Uchikomi keiko, acrescenta-lhe um 'extra' de agressividade e de intensidade, devendo, neste caso, o shidachi — o aluno — procurar, de uma certa distância, desequilibrar o motodachi — aqui, o Mestre — e este deve aparar e corrigir os golpes e a postura do shidachi quando estes se mostram incorrectos ou de fraca valia.
Escusado será dizer que isto é estafante. E, de qualquer modo, as imagens falam por si....
Mas se quereis os vossos petizes rijos e prontos para a grande luta da vida, nada como uma boa prática desta ancestral arte dos Bushi e uns valentes uchikomi!
É vê-los...
Hajime!
*Reeditado pela tarde de hoje, 6 de Janeitro, tendo-me apercebido só nesta altura que o 1º vídeo retrata um valente Kakari'geiko e não um Uchikomi keiko! Falha minha. Grave. Aos meus amigos e leitores, as minhas sinceras desculpas.
Gostei de ver. A minha experiência (como mãe-observadora) resume-se a movimentos mais lentos, principiantes... : )
ResponderEliminarA ver se re-desperto o interesse no seu menino! ☺ Ahah!
ResponderEliminarObrigado pela visita!
NBJ
Olá NBJ,
ResponderEliminarÉ sempre bom vir visitar o teu espacinho Oriental.
Recomendo a prática.... e confirmo! Os pequeninos depois crescem e continuam rijos, e bastante difíceis de partir, tanto físicamente como psicológicamente.
Quando era miuda iniciei a prática do Kendo como uma obrigação, perdi as vezes que roguei pragas ao meu pai.Depois agradeci-lhe em silêncio...passado uns aninhos verbalizei esse agradecimento. ;)...Mas são duros anos de aprendizagem, com todo o tipo de momentos.
Tenho uma irmã muitos aninhos mais nova que eu,ela praticou apenas uma semana e desistiu, o meu pai ficou destroçado, mas bem mais aberto à sua desistência.A aceitação.
Tenho um pequenino de 4 anos, se ele gostar tem tudo para herdar do avô e meu. Mas a minha postura não será nunca a de obrigar, mas como dizes bem...despertar o interesse!
Beijo
Blue
Obrigado eu por tão interessante partilha de experiências, Querida Blue.
ResponderEliminarPessoalmente creio que é sempre sobremaneira difícil motivar crianças para seja o que for que, por um lado, não haja de penetrar os seus espíritos de forma espontânea e imediata, ou seja por via da auto-descoberta, e sem imposições, e por outro lado, que implique especial esforço físico, mental e disciplinar.
Quer queiramos quer não, Kendo ou Kyudo ou qualquer outra Budo, são disciplinas derivadas de uma tradição militar, que, como tal, se pautam pela rigidez e exigência adequadas tão só a 'fortis et fidelis'. Ou seja, se o indivíduo não ceder, ou não se entregar espontaneamente a uma mui natural predisposição para se esforçar de facto, fisica e mentalmente, é escusado tentar forçá-lo a seja o que for — uma perda de tempo.
Aqui no Japão, em particular, a disciplina ainda hoje imposta na larga maioria dos 'dojo' (e não apenas no que ao Kendo se refere) continua a ser ferozmente espartana na sua índole.
Eu penso que na Europa, em particualar, hoje é impossível ensinar Kendo a miúdos como se ensina aqui — noventa por cento nem uma semana se aguentava... e muito sinceramente não creio estar aqui e agora a exagerar.
E mesmo aqui no Japão encontro muitos miúdos que, notoriamente, praticam a contra-gosto ou pelo menos por obediência, tão-só, a uma disciplina que lhes foi imposta e que não ousam contrariar. E é aqui...
Eu não ensino Kendo, sou tão só praticante, mas certamente gostaria muito de, num futuro vindouro, poder vir a ensinar a quem realmente queira aprender e praticar por muitos e bons anos.
E já tenho, é certo,nas minhas horas de ócio, me questionado sobre qual será a melhor forma de motivar, entusiasmar e colher o interesse e o esforço dos mais pequenos, sem tornar a disciplina demasiado rígida ou exigente, mas também sem desleixar a essência de uma prática que se quer esforçada e brava.
A conclusão a que chego é que será — para quem ensina — sempre muito mais entusiasmante e compensador, ensinar adultos que revelem querer realmente — e por qualquer razão — aprender e praticar e que o façam de forma absolutamente espontânea, voluntária e dedicada.
(Decididamente, é sempre um gosto trazer este tema à baila!... Espero retomá-lo uma vez mais, muito em breve! ☺)
Bjx.
NBJ
Tens toda a razão NBJ.
ResponderEliminarNo Japão a prática do Kendo em nada se compara à de Portugal.
Mas tive a sorte de ter tido 2 excelentes mestres Japoneses. E ter estágios com pessoas incriveis pertencentes à policia japonesa. Cada estágio durava uma semana.Sempre fui a mais nova e rapariga, O primeiro Sensei que tive (tinha uma grande admiração por ele) chamava-se Karan Tetsuo 7º Dan Kendo e 5º Dan de Iaido, um Sr de 72 anos que me olhava nos olhos com uma profundidade que eu nem conseguia respirar. Em substituição veio o Sensei Ariga Osaka que já deves ter ouvido falar Sensei Osaka ( http://www.youtube.com/watch?v=mlt7gdPvqkc ) , deixo-te o video onde ele aparece, agora muito mais velho. O Sensei Osaka é um homem bondoso, e doce que eu tenho o máximo respeito.
Nuca teria aulas com um mestre português, não quero expor as razões que me levaram a sair da minha prática ao fim de vários anos. O Kendo e o iaido são para levar a sério, não para brincar às Artes Marciais, nem porque é giro ou parece bem.
Quando abandonei a prática deixei bem claro as razões da minha saída. O restante está cá e vai continuar.
É dificil ensinar crianças com algo que não lhes está enraízado. Elas não percebem...eu demorei anos a perceber. E tive que ser eu a chegar lá, fazer o meu trabalho interior.
O meu filho com 3 anos começou no Judo, achei que lhe ía fazer bem, a vários niveis. Reflexos, aprender a caír, disciplina, regras...e eu não sou uma amante do judo.
Fez 4 anos pediu-me para fazer natação e não judo. Aceitei, tem 4 anos...tem tempo para descobrir....
Desculpa a seca NBJ ;),
deixo-te uma prenda no meu blog.
Um abraço
Blue
Boa tarde Blue. O meu nome é Alexandre Aires. Também sou um ex-praticante de Kendo e Iaido, e também tive como Sensei o fantástico Karan Tetsuo. Porventura, teremos praticado na mesma altura e no mesmo sítio. Eu pratiquei no Instituto Kobayashi, por volta de 86-87.
ResponderEliminarSe puder, quiser e preferir (e caso o autor do blogue não se oponha e, se quiser, até se pode juntar, o que muito me agradaria) o meu mail pessoal é dr.al.m.aires@gmail.com.
Se quiser responder lá, iria agradecer-lhe muitíssimo.
Obrigado e boas tardes a todos