Ao ver esta reportagem fiquei espantado com os seguintes aspectos:
1º) Os projectos megalómanos; 2º) A corrupção instalada em determinados sectores da política governamental; 3º) A política de emprego para toda a vida vigente no país.
O 3º aspecto escandalizaria a nossa direita, a qual acha que os portugueses não querem trabalhar, mas sim ter um emprego. A mesma devia informar-se acerca da realidade económico-laboral do Japão.
1. E a ponte que aparece na reportagem é só uma das possíveis "pontas do iceberg": se há país, no Mundo, absolutamente excessivo em matéria de obras públicas, esse país é o Japão - durante muitos e bons anos, dinheiro a mais deu fartura a mais e esbanjamento a mais. Agora estamos todos a pagar a factura: consegues imaginar-te a pagar mais de 50 € de portagem cada vez que atravessasses a Ponte 25 de Abril?
2. A corrupção nos altos círculos políticos nipónicos e a promiscuidade das relações dos políticos proeminentes do L.D.P. com altos interesses financeiro-industriais sempre foi um fenómeno endémico aqui. Mas ao que parece, a coisa melhorou bastante com a reforma do sistema eleitoral levada a cabo em 1993-94 (pelo único governo vindo da oposição ao L.D.P., até ontem) e que terá tido efeitos positivos ao nível da transparência nos procedimentos relacionados com o financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais. Mas continuam a surgir pequenas "escandaleiras" aqui e ali, envolvendo vários partidos, como é normal - e como aliás foi o caso da "tramóia" que levou à demissão, ainda em Maio deste ano, do antecessor de Hatoyama no D.P.J, Ichiro Osawa.
3."O Emprego-para-toda-a-vida" enquanto fenómeno muito peculiar do Japão, tem os seus encantos, é verdade, mas além de ser uma política em claro declínio, aqui, nos dias de hoje, trata-se de uma moeda com duas faces, das quais uma é bem feia: as situações de "two-piece-suit-and-tie-slavery" por esse Japão fora são bem conhecidas - o excesso de trabalho por milhões de trabalhadores, o fenómeno único no Mundo da morte, todos os dias, de pessoas, causada simplesmente pela entrega excessiva aos deveres laborais (o fenómeno chama-se "Karoshi"), os sentimentos sobre-infligidos de dever de lealdade para com a empresa/empregador, a consequente deterioração das relações familiares um pouco por toda a parte, havendo inúmeros casais, e pais e filhos, que, ainda que compartilhando o mesmo espaço de habitação, não se vêem , literalmente, há anos... e isto só para dar alguns exemplos, dos extremos a que a mentalidade socio-laboral nipónica chegou, e da qual hoje tanta gente se tenta libertar. Podia contar-te um sem número de histórias a este respeito, mas vamos deixar para outra ocasião.
Ao ver esta reportagem fiquei espantado com os seguintes aspectos:
ResponderEliminar1º) Os projectos megalómanos;
2º) A corrupção instalada em determinados sectores da política governamental;
3º) A política de emprego para toda a vida vigente no país.
O 3º aspecto escandalizaria a nossa direita, a qual acha que os portugueses não querem trabalhar, mas sim ter um emprego. A mesma devia informar-se acerca da realidade económico-laboral do Japão.
1. E a ponte que aparece na reportagem é só uma das possíveis "pontas do iceberg": se há país, no Mundo, absolutamente excessivo em matéria de obras públicas, esse país é o Japão - durante muitos e bons anos, dinheiro a mais deu fartura a mais e esbanjamento a mais.
ResponderEliminarAgora estamos todos a pagar a factura:
consegues imaginar-te a pagar mais de 50 € de portagem cada vez que atravessasses a Ponte 25 de Abril?
2. A corrupção nos altos círculos políticos nipónicos e a promiscuidade das relações dos políticos proeminentes do L.D.P. com altos interesses financeiro-industriais sempre foi um fenómeno endémico aqui. Mas ao que parece, a coisa melhorou bastante com a reforma do sistema eleitoral levada a cabo em 1993-94 (pelo único governo vindo da oposição ao L.D.P., até ontem) e que terá tido efeitos positivos ao nível da transparência nos procedimentos relacionados com o financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais. Mas continuam a surgir pequenas "escandaleiras" aqui e ali, envolvendo vários partidos, como é normal - e como aliás foi o caso da "tramóia" que levou à demissão, ainda em Maio deste ano, do antecessor de Hatoyama no D.P.J, Ichiro Osawa.
3."O Emprego-para-toda-a-vida" enquanto fenómeno muito peculiar do Japão, tem os seus encantos, é verdade, mas além de ser uma política em claro declínio, aqui, nos dias de hoje, trata-se de uma moeda com duas faces, das quais uma é bem feia: as situações de "two-piece-suit-and-tie-slavery" por esse Japão fora são bem conhecidas - o excesso de trabalho por milhões de trabalhadores, o fenómeno único no Mundo da morte, todos os dias, de pessoas, causada simplesmente pela entrega excessiva aos deveres laborais (o fenómeno chama-se "Karoshi"), os sentimentos sobre-infligidos de dever de lealdade para com a empresa/empregador, a consequente deterioração das relações familiares um pouco por toda a parte, havendo inúmeros casais, e pais e filhos, que, ainda que compartilhando o mesmo espaço de habitação, não se vêem , literalmente, há anos... e isto só para dar alguns exemplos, dos extremos a que a mentalidade socio-laboral nipónica chegou, e da qual hoje tanta gente se tenta libertar. Podia contar-te um sem número de histórias a este respeito, mas vamos deixar para outra ocasião.
Abrç.
NBJ.