domingo, 30 de agosto de 2009

Bem-vindo Hatoyama-San!


O líder do Minshuto, Hatoyama Yukio, é o grande vencedor
das eleições legislativas antecipadas de hoje e futuro 1º Ministro do Japão.

Como era mais que antecipado, o Partido Democrático do Japão, o Minshuto (民主党) ou D.P.J., ganha as eleições legislativas de hoje, 30 de Agosto de 2009, com uma mais-que-confortável maioria absoluta na Dieta, estando já apurados 241 lugares no Parlamento, para aquele que era, até hoje o maior partido da oposição no Japão, e o qual ganhara já ampla confiança junto do eleitorado nipónico, tendo ganho previamente as eleições para a Câmara dos Conselheiros (Sangi'In - 参議院 ) em 2007, inaugurando, nesse momento o já muito sentido advento da mudança que o rápido desgaste, nos últimos 3 anos, do seu mais directo rival, o Jiminto (自由民主党), Partido Liberal-Democrático ou L.D.P. - há quase 55 quase-ininterruptos anos, instalado no poder governativo da 2ª maior economia do Mundo - deixava antever.


O ainda-em-funções 1º Ministro Taro Aso, Secretário-Geral do Jiminto/L.D.P (à esquerda) e o líder do Minshuto/D.P.J, Hatoyama, grande vencedor das eleições de hoje.
O grande derrotado é, em nosso entender, não necessariamente o ainda-em-funções 1º Ministro Taro Aso (na foto, acima à esquerda), mas sim todo o velho quadro institucional "sobre-jimintizado" que não resistiu à desastrosa sucessão de Secretários-Gerais-conduzidos-a-Chefe-de-Governo no seio do próprio partido historicamente irredutível desde 1955, em quatro penosos anos de agonizantes querelas internas e constante tibiez dos seus titulares, desde a estratégica (e discreta) saída em estado de graça do seu carismático líder e 1º Ministro de 2001 a meados de 2006, Jun'ichiro Koizumi: lembremos as funestas passagens de testemunho deste a Shinzô Abe e, por seu turno, deste, ao cabo de menos de um ano de funções, ao ainda menos promissor Yasuo Fukuda - acabando este, por não resistir às pressões de todas as frentes sociais e políticas que o fustigavam desde o primeiro dia de gabinete, e passar a pasta a Aso, que fica hoje com o encargo de pagar a catastrófica factura da perda não apenas do até hoje tido-por-mais-que-garantido poder governativo nas mãos do Jiminto, mas ainda da perda de mais de 200 lugares do histórico partido na Assembleia legislativa do País do Sol- Nascente.

Resta-nos felicitar o Povo de Yamato pela coragem de assumir a responsabilidade na hora de escolher a mudança e desejar as maiores felicidades ao novo executivo que aí vem, e a quem cabe agora a colossal tarefa de levantar este Grande país da pior crise económica aqui vivida desde o fim da II Guerra Mundial.

Hatoyama-San, ようこそ! / Yôkoso!/seja Benvindo!


8 comentários:

  1. Uma nova era começou no Japão.
    Pela primeira vez o país tem uma alternativa política.

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  2. Vocês vejam lá no que é que se metem. Dizem que é o Obama 2 e que é anti-israel. Os jornais israelitas já o estão a colar aos palestinianos. Será verdade?

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  3. Calma Levy.

    O cavalheiro terá eventualmente sido crítico de uma ou outra actuação política ou militar - dessas de músculo mais flectido - por parte do Estado Hebraico, o que não significa que seja anti-Israel, como é óbvio.

    Confesso que desconheço a posição oficial do Minshuto/D.P.J. sobre a questão israelo-palestiniana, mas uma coisa é certa: o D.P.J. em muitos pontos. e também, como é óbvio, em matérias de política internacional, demarca-se claramente do seu rival, até agora no poder, o Jiminto/L.D.P..
    Uma das realidades relativamente às quais o D.P.J. se mostra mais crítico face à posição do L.D.P., refere-se à tradicional subserviência de Tokyo face à política externa de Washington.
    Presumo, pela posição do D.P.J. no espectro político nipónico, que da parte de alguns dos seus dirigentes (e presumivelmente contando aqui com o própro Hatoyama), no que respeita ao conflito israelo-árabe, haja sobeja simpatia pela solução dos Dois Estados.
    Mas estas são meras conjecturas da minha parte.

    שָׁלוֹם עֲלֵיכֶם / Shalom Aleichem.

    Grande Abraço. Volta Sempre.
    NBJ, Japão

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  4. As vezes fico assustado com estas mudanças repentinas, também assisti a uma delas depois de 40 anos de continuidade.
    O que me assusta é que hoje em dia as mudanças não significam mudança de opinião ou escolha de uma alternativa mais plausivel,,, mas si a recusa daquilo que nos fez sentir sem alternativa por muito tempo e sem possibilidade de escolha.
    Lembro-me o que se passou no meu país: depois de uma mudança do partido ao poder depois de 40 anos,,, o país mergulhou numa série de governos instáveis e semestrais que por muitos anos foi bastante prejudicial para o desenvolvimento.
    A vontade e a necessidade de mudança não passa, obrigatoriamente, por uma alternativa credível, mas na maioria dos casos apresenta-se como um voto de protesto numa situação onde a alternativa não existe. Em Portugal está a acontecer o mesmo.
    Espero que não seja esse o caso.

    Abraço

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  5. Pelo que me é dado a apreciar, aqui, 'in loco', o Japão não é um país tão movido por pequenas e grosseiras invejas, complexos inomináveis e amárgos de bôca de toda a espécie e feitio, como o nosso Portugal tantas vezes (vezes sem conta) deixa de marca de si.

    Este país não faz das quesíliazinhas quotidianas cavalo de batalha. Dá gosto ver um debate na televisão entre 6 candidatos a Chefe de Governo nesta terra, mesmo que não se perceba uma palavra do que eles estão par'ali a dizer (Jiminto, Minshuto, Kyosanto - o tal Partido Comunista do Japão -, Komeito - uma espécie de CDS/PP cá do sítio -, Shameito - os Socialistas/Social-Democratas - e Shinminto - o Novo Partido Popular): o mais das vezes todos os ditos candidatos falam com exemplar serenidade e clareza, não se atropelam, não levantam o tom fora de vez, não fazem do mesquinho insulto pessoal arma de arremesso, manifestam a sua mais completa concordância em pontos que requerem somente um mínimo de senso-comum... Enfim, é ver para perceber: esta é, apesar de 55 anos de "Jimintocracia", uma democracia plena, adulta, digna de se tirar o chapéu - ainda para mais tendo em conta que teve que levar com um ocupante armado até aos dentes para lhes mostrar como se faz.

    Claro que isto não é o paraíso, nem tão pouco um paraíso político.
    Há muita coisa a mudar, a suprimir, a elevar, a tentar de novo, a dar a volta, a trazer à berlinda, a corrigir, a dizer "sim", a dizer "não".
    E agora há, sem dúvida alguma, uma chance nova, nova a estrear, para reorgnizar tanta coisa que clama reforma: um país podre de rico com uma segurança social falida até mais não, um desvairado excesso de equipamento social, - estradas, pontes, aeroportos, gares marítimas, estádios até vir a mulher-da-fava-rica (e isto tudo custou, custou muito mas muito, como calculais...), uma China torcida e uma Coreia do Norte psicótica à nossa porta, um JIEITAI ("Forças de Auto-Defesa Nacional") que não obstante superarem em dimensões e prontidão combativa a maioria das Forças Armadas dos estados da NATO, estão impedidas por um surreal artigo da Constituição de '47 de se assumirem como legítimo garante da soberania nacional e da integridade do território da pátria, uma população sobre-envelhecida e receosa do que o Futuro esconde...

    Mas não me falem de "mudanças de regime" nem de "revoluções", não é disso que se trata, por Amor de Deus!!!
    A poeira aqui já assentou há muito.
    Apesar de tudo a maioria das instituições funcionam, e bastante bem por sinal, este é um país próspero, Grande, assim com "G" capital, no Mundo, um país profusamente criativo, laborioso, empreendedor como poucos assim há com este nível, exemplar na forma como uma nação despojada de recursos naturais na acepção clássica da expressão e devastada até ao "ground zero" de Norte a Sul ( não foram só Hiroshima e Nagasaki a levar com o pesadelo da quase aniquilação total: com a excepção de Kyoto, todos os principais centros urbanos deste país sofreram a voragem extrema de sucessivos bombardeamentos em tapete), se ergueu da mais humilhante miséria e depravação para ser o que é hoje, e sobretudo por ter descoberto previamente que possuia o maior e o mais invejável de todos os recursos possíveis de que um país pode valer: o seu próprio Povo.

    Só o tempo agora poderá julgar a sageza dos eleitores que ontem quiseram dar esta chance a um novo executivo.
    Mas o Japão desenvolvido, prolífico, exigente para consigo mesmo, orgulhoso da sua identidade e da sua História, continuará a ser uma extraordinária lição viva para todos nós.

    Grande Abraço a todos e muito obrigado pela vossa impagável paciência e simpatia.

    Vosso, SEMPRE
    NBJ. Fukuoka, Japão, Setembro de 2009.

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  6. Muito obrigada pelos comentários no Bungaku! Lanço desde já o desafio para uma possível colaboração no clube! Devo também observar o excelente acompanhamento que tem feito das eleições gerais no Japão, espero sinceramente que o Minshuto possa levar a cabo alterações da quais o Japão necessita. Depois da saída de Koizumi, o Jiminto/LDP já estava a dar muitos sinais de declínio e espero que Hatoyama - com ou sem as directrizes de Ichiro Ozawa - leve a cabo os planos que tem a nível de reformas sociais e também de política externa.
    Concordo com o que escreveu no último post! É um prazer ler o seu blog.
    Sara F. Costa

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  7. Estou a ver que esse país continua a conseguir aquecer os animos no melhor dos sentidos. Na Europa isso já foi e o declino é cada vez mais perto da resignação. Nunca foi de me render. Acredito nos sonhos. Também quero ter a sensação de participar na construção de algo.
    Abraço

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