...lê-se Ki'Ken'Tai'Ichi, significa 'unidade de espírito, espada e corpo', e constitui um dos princípios fundamentais do Kendo (剣道).
Não será despropositado afirmar, que não é possível perceber seja o que fôr de Kendo, sem primeiro entender e interiorizar este conceito essencial.
No decorrer de um shiai (試合 — partida ou combate), não basta, ao kenshi, executar correctamente uma waza (技) ou golpe, tecnicamente aperfeiçoado, numa datotsubu (打突部 — zona de impacto onde o ponto é validado: men [面] — ao centro da cabeça —, kote [小手] — o pulso —, dô [胴] — o tronco ou abdómen do adversário — ou tsuki [突] — golpe "trespassante", mais raro e 'arriscado', dirigido ao centro da garganta, a cartilagem tiróide, vulgo 'maçã-de-adão' — do respectivo adversário, para que lhe seja reconhecido um yuko datotsu (有効打突) ou ippon — isto é, um ponto 'vencedor'.
Ao fazê-lo, o kenshi tem de executar a waza, manifestando essa tal 'unidade de espírito, espada e corpo' (気剣体一): manuseando correctamente o shinai (a espada), e em simultâneo lançando um forte kiai (気合 — grito combativo), acompanhado de um firme bater-de-pé, com a postura de corpo correcta, e revelando esse precioso zanshin — 残心, um inefável estado de alerta, que só uma prática assídua, metódica e persistente, cuida de germinar no adepto, e lhe concede ess'outro 'ki o mite' — 気を見て, o 'ganhar da chance' ou, como melhor o poriam os francófonos, esse "saisir l'oportunité"...
Mais uma (não-tão-breve-assim) sessão de imagens colhidas ao longo da 51ª edição do Gyokuryuki Kendo Tai'kai, ilustra, na medida do possível (VER o brevíssimo 'videoclip' no fim ↓), e entre outros aspectos deste belíssimo torneio, anualmente realizado aqui, em Hakata, essa demanda do quimérico yuko datotsu...
Que seja do vosso agrado.
Hajime!