"Little birds, if you are living still, Fly, fly far away!" Gostei. Vejo que está apaixonado pelo Japão e pelas terras do Oriente!:) Como é que as pessoas convivem com a religião? São crentes? A crença dos japoneses influência a postura? Têm um sentido prático da vida? São mais espirituais que os ocidentais? Desculpe a curiosidade. Boa tarde, de Portugal, Boa noite para o Japão.
Gostei das perguntas da Ana. Também eu fico a aguardar... Embora tenha lido bastante sobre a cultura e as tradições chinesas e nipónicas, gostaria de ler a opinião de alguém que aí está a viver. Se me permite a pergunta: Há quanto tempo vive no Japão?
Respondendo em primeiro à sua pergunta: eu estou aqui há quase 2 anos — desde Junho de 2008.
De relance e no que concerne às perguntas aqui deixadas pela Ana: há quem diga que no Japão as pessoas não são propriamente 'religiosas', mas sobretudo 'supersticiosas' — apegadas a muitas crenças derivadas do animismo que caracteriza o Shintoismo — há pequenos "jinja" ("santuários" shintoistas) um pouco por todo o lado, e, de facto, esse apego a um certo corpo de crenças ancestrais profundamente enraizadas, sente-se um pouco por toda a parte. Eu diria, de meu juízo, que sim: que os Japoneses, de uma maneira geral, nutrem, de facto, sentimentos religiosos muito próprios, vividos através do Shintoismo (religião animista autóctone) e do Budismo, sobretudo sobre a influência do Zen. Apesar de constituirem uma pequena minoria, também os Cristãos Japoneses tem uma presença seignificativa, sobretudo aqui no Sudoeste do país, e em particular em Nagasaki, por influência do legado das missões Portuguesas dos séculos XVI / XVII. Mas o Japão quotidiano é acelarado, moderno, consumista, e enredado em fantasiosas infantilidades, dado a tudo o que o dinheiro permite comprar, e é difícil perceber que domínios da vida acabam por ter mais pêso no pensamento e na vivência das pessoas. Até porque o Japonês comum, é, por princípio, e como todos sabemos, um indivíduo sobremaneira reservado e que dificilmente falará dos seus sentimentos ou opiniões, ou do que quer que seja que lhe vá na alma — essa "reserva do intímo" é talvez a característica mais notória nas pessoas de uma maneira geral (nunca sabemos o que pensam, ou o que estão a pensar ou sentir ) e é um fenómeno cultural e psicológico transversal em toda a sociedade Nipónica.
Por outro lado, e como creio já o ter dito outrora e algures neste blogue, o Japão é, em meu entendimento, um país de muitos rostos e com 'personalidades múltiplas' — ele há o Japão conservador, contemplativo, filosófico e apegado a todo um corpo de tradições complexas e há o Japão futurista, prático, 'plástico', quase que desconexo do primeiro —, em todo o caso é difícil falar destas coisas sem arriscar cair em generalizações grosseiras. Parece-me mais sensato, para fazermos uma avaliação destes aspectos, ir deixando aqui o meu testemunho, "a conta-gotas", e deixar cada um ir formando a sua própria visão sobre este grande país e as suas gentes.
"Little birds, if you are living still, Fly, fly far away!"
ResponderEliminarGostei.
Vejo que está apaixonado pelo Japão e pelas terras do Oriente!:)
Como é que as pessoas convivem com a religião? São crentes?
A crença dos japoneses influência a postura?
Têm um sentido prático da vida? São mais espirituais que os ocidentais?
Desculpe a curiosidade.
Boa tarde, de Portugal, Boa noite para o Japão.
Gostei das perguntas da Ana.
ResponderEliminarTambém eu fico a aguardar... Embora tenha lido bastante sobre a cultura e as tradições chinesas e nipónicas, gostaria de ler a opinião de alguém que aí está a viver. Se me permite a pergunta: Há quanto tempo vive no Japão?
Olá Catarina.
ResponderEliminarObrigado por passar por cá.
Respondendo em primeiro à sua pergunta: eu estou aqui há quase 2 anos — desde Junho de 2008.
De relance e no que concerne às perguntas aqui deixadas pela Ana:
há quem diga que no Japão as pessoas não são propriamente 'religiosas', mas sobretudo 'supersticiosas' — apegadas a muitas crenças derivadas do animismo que caracteriza o Shintoismo — há pequenos "jinja" ("santuários" shintoistas) um pouco por todo o lado, e, de facto, esse apego a um certo corpo de crenças ancestrais profundamente enraizadas, sente-se um pouco por toda a parte.
Eu diria, de meu juízo, que sim: que os Japoneses, de uma maneira geral, nutrem, de facto, sentimentos religiosos muito próprios, vividos através do Shintoismo (religião animista autóctone) e do Budismo, sobretudo sobre a influência do Zen.
Apesar de constituirem uma pequena minoria, também os Cristãos Japoneses tem uma presença seignificativa, sobretudo aqui no Sudoeste do país, e em particular em Nagasaki, por influência do legado das missões Portuguesas dos séculos XVI / XVII.
Mas o Japão quotidiano é acelarado, moderno, consumista, e enredado em fantasiosas infantilidades, dado a tudo o que o dinheiro permite comprar, e é difícil perceber que domínios da vida acabam por ter mais pêso no pensamento e na vivência das pessoas.
Até porque o Japonês comum, é, por princípio, e como todos sabemos, um indivíduo sobremaneira reservado e que dificilmente falará dos seus sentimentos ou opiniões, ou do que quer que seja que lhe vá na alma — essa "reserva do intímo" é talvez a característica mais notória nas pessoas de uma maneira geral (nunca sabemos o que pensam, ou o que estão a pensar ou sentir ) e é um fenómeno cultural e psicológico transversal em toda a sociedade Nipónica.
Por outro lado, e como creio já o ter dito outrora e algures neste blogue, o Japão é, em meu entendimento, um país de muitos rostos e com 'personalidades múltiplas' — ele há o Japão conservador, contemplativo, filosófico e apegado a todo um corpo de tradições complexas e há o Japão futurista, prático, 'plástico', quase que desconexo do primeiro —, em todo o caso é difícil falar destas coisas sem arriscar cair em generalizações grosseiras. Parece-me mais sensato, para fazermos uma avaliação destes aspectos, ir deixando aqui o meu testemunho, "a conta-gotas", e deixar cada um ir formando a sua própria visão sobre este grande país e as suas gentes.
Uma vez mais, muito obrigado pela visita.
NBJ, Fukuoka
Obrigada pela sua resposta e pela bela forma como a executou. Vejo que a beleza plástica e a beleza natural das cerejeiras em flor o tocam.
ResponderEliminarAgradecida pela atenção, Fukuoka (já não me lembro o que é mas deve ser saudações)
Viva!
Ana
Olá Ana, uma vez mais.
ResponderEliminarFukuoka é o nome da cidade que me alberga (ver no mapa, ver no mapa...)
Prazer em vê-la por cá.
NBJ