sábado, 29 de agosto de 2009

E porque amanhã é dia de eleições parlamentares aqui...


...deixo-vos um brevíssimo apanhado do que por cá vai:

1. É dada como quase certa, nestas eleições antecipadas de 30 Agosto de 2009, uma queda a pique - e consequente retumbante derrota - do partido que há perto de 55 anos ocupa, quase ininterruptamente, o poder governativo nesta que é, ainda, a 2ª maior economia do mundo: o Jiminto (自由民主党) - Partido Liberal-Democrático ou L.D.P., como é mais conhecido nas instâncias internacionais e noticiosas por esse mundo fora, e que só por um curto período de 8 meses, entre Agosto de 1993 e Abril de 1994, viu a sua hegemonia no poder político nipónico quebrada pelo malfadado governo encabeçado por um seu ex-dirigente e deputado desertado entretanto das suas próprias fileiras, Hosokawa Morihiro, que para o efeito logrou, na altura, obter o apoio de uma coligação de vários partidos da oposição de então.

2. A vitória é, por seu turno, mais que esperada para um partido curiosamente formado há pouco mais de uma década e que reúne, também ele, várias personalidades entretando saídas do Jiminto/L.D.P., e outras provenientes de outros quadrantes da sociedade civil e política nipónica: o Minshuto (民主党) - Partido Democrático do Japão ou D.J.P., como também se faz conhecer, actualmente liderado por Hatoyama Yukio, e que até ao fecho desta edição, reunia nas sondagens perto 49% das intenções de voto.

3. O Jiminto/L.D.P. liderado pelo actual 1º Ministro, Taro Aso, após 3 anos de profunda instabilidade interna precipitada pela "reforma antecipada" do seu carismático líder de então e Chefe de Governo entre 2001 e 2006, Koizumi Jun'ichiro, e uma sucessão desastrosa de substitutos no cargo - com Abe Shinzô em primeiro, seguido de Fukuda Yasuo e por fim o actual Sr. Aso (nenhum dos três conduzido a funções por efeito de sufrágio nacional em confronto directo com as respectivas alternativas, mas sim pelo desígnio de mero escrutínio intra-partidário na escolha do seu secretário-geral...), a somar à pior recessão económica do Japão desde 1945, com uma contração de 12,7 % do respectivo P.I.B. no 1º semestre de 2009 - e que apesar de alguns sinais de retoma, parece ter vindo para ficar uns tempos largos -, e para mais com algumas das suas demais figuras de prôa a acusarem síntomas de declínio em plena campanha eleitoral, feita a prova dos nove, o inexpugnável colosso político do pós-guerra vê-se agora de vez a ameaçar ruína.

Irá daqui nascer um novo e revigorado Japão, como esse que surpreendeu o Mundo inteiro nas primeiras quatro décadas do
pós-guerra com o seu imparável génio criativo?...

Assim espero.

2 comentários:

  1. Não estou a par da realidade política do Japão, mas penso que já está na hora desse país apostar na governação dum partido diferente.
    Décadas de governação dum partido conduzem a uma autocracia encoberta, o que não é salutar para nenhum país democrático.
    Oxalá que o Japão encontre um novo rumo nas eleições de amanhã, pois bem precisa.

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  2. È verdade Maldonado:
    Há quem já tenha chamado ao Japão - após tantas décadas de Jiminto sempre no poleiro do poder - "Democracia de Partido Únco".

    Mas também se entende o sucesso quase imbatível do Jimimto/L.D.P.: foi o partido que presidiu desde o primeiro momento ao formidável/imparável sucesso económico e social no Japão e à reconquista do respeito das nações no teatro internacional. A "obra feita" é, de facto, um "Obra-Prima" (pelo menos assim o foi até ao "rebentar da bolha" no início da década de 90, como certamente conhecerás a história...)

    Mas estamos 100% de acordo: cinco décadas sempre com o mesmo partido no governo quase que cheira a 3º mundo - não fôsse estarmos a falar do Japão...

    Grande Abraço, Volta Sempre.

    NBJ

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