sábado, 2 de outubro de 2010

Merecerá?

Merecê-lo-á?
Há quem afiance que sim e sem deixar margem para dúvidas. Eu (man)tenho as minhas.
Confesso que conheço muito, muito mal a obra do cavalheiro — à qual nunca dispensei tempo quanto baste.

7 comentários:

  1. Merece tanto como José Saramago! Quer dizer alguém ainda acredita que o Prémio Nobel da Literatura é atribuído em função do talento criativo e artístico do escritor? Eu deixei de acreditar há muito tempo.
    E até gosto do Murakami!!

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  2. Talvez sim, talvez não. Não sei. É como aqui disse: conheço muito mal a obra do senhor.
    Entre os Nobel, sobretudo, do que uma certa memória comum invoca, da Literatura e da "Paz" (e há mesmo necessidade de pôr as aspas neste último...), houve sempre prémios particularmente bem ou mal atribuídos, e creio que assim continuará a ser enquanto houver Nobel.
    Simplesmente, parece-me que no caso de Murakami, o indivíduo é sobejamente desinteressante — como pessoa, não o será eventualmente como autor (uma vez mais prefiro deixar claro que não estou em posição de ajuizar a esse respeito) — mas é precisamente esse o ponto do qual decorre a minha dúvida.
    Saramago — em meu modesto entender — pelo menos por duas ou três obras, mereceu-lo inteiramente.

    Obrigadíssimo pela visita, Caríssima A.
    Volte Sempre.

    NBJ

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  3. Compreendo perfeitamente o que diz. Mas se Murakami tem direito a uma nomeação com a sua obra, imagine a injustiça que recai sobre Boris Vian, de quem Murakami parece ser admirador, pelo pelo menos o surrealismo do seu estilo...

    Mudando de assunto, gosto imenso de passear no Japão que encontro aqui. Sou eu quem agradece esta janela aberta do outro lado do mundo. Obrigado pela 'viagem'!

    Um abraço,
    A.

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  4. Visito pela primeira vez o seu blog e tenho que dexar aqui um comment discordante. Sou fã incondicional de Murakami, o mesmo já não se pode dizer de Saramago - não gosto de escritores com ideologias políticas marcadas e totalitárias.
    Com Murakami deslizei para um mundo surreal, habitado como poucos por referências musicais que forçosamente atiram o leitor para pesquisas e audições. Com o Underground de Murakami, aprendi muito sobre a sociedade e a psique Japonesa.
    Quem me dera que traduzissem depressa o 1Q84...
    SAUDAÇÕES

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  5. A sua discordância é inteiramente apreciada. Agradeço-lhe a(s) referências.
    Da minha parte mantenho: Murakami não me apela, mas não conhecendo de facto a sua obra, em profundidade, tenho necessariamente que conceder o benefício da dúvida aos fãs, como é o caso da estimada leitora.
    Talvez um dia destes lhe pegue com sentido entusiasmo e me surpreenda (mas duvido...).
    Surrealismo por surrealismo, prefiro ater-me aos clássicos — Lautréamont, Bataille, Artaud...

    Quanto a autores e artistas de génio (não será necessariamente o caso de José Saramago) alinhados com ideologias totalitárias ou linhas de pensamento condenadas à luz dos valores dominantes do nosso tempo, gente que pelo Século XX adentro esteve num momento ou noutro ou até de pedra e cal com comunismo, fascismo, nacional-socialismo ou outro 'ismo' torcionário qualquer, gente que aqui e ali saudou efusivamente Lenine, Estaline, Mussolini, Hitler ou outros, se fôssemos excluí-los um por um, tomando as suas opções ideológicas em vida por critério de selecção, minha cara leitora!, quão pobrezinho seria hoje o nosso universo literário e contemplativo...
    Lá se iam, de uma só barricada ou prateleira, não apenas o autor do "Memorial...", mas ainda Zamiatine, John Reed, Walter Benjamin, Feuchtwanger e Brecht, Sartre, até o próprio Orwell lá tinha que saltar da estante... lá ficávamos também sem Visconti, sem Pasolini para regalar os olhos, sem Picasso...
    Depois, da outra saltavam Ezra Pound, Mircea Eliade, Yeats, Elliot, Céline, Drieu La Rochelle, Robert Brasillach, Jünger, eu sei lá... Lá se ia a Riefenstahl das sessões especiais, o surrealismo, esse mesmo!, de Dalí...
    Era ou não era?

    Os homens são o que são, indissociáveis ou não do seu carácter e das das suas opções em vida enquanto extensões das suas personalidades e experiências e sobretudo enquanto extensões da sua observação do Mundo deste ou daquele ângulo.
    Mas uma obra de génio é-lo enquanto tal, em si mesma, com vida própria, haja o que houver por detrás dela. Assim eu creio.

    Muitíssimo obrigado pela visita,
    NBJ

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  6. MEA CULPA!
    Acho que tem...alguma razão, sim. Talvez a minha, digamos, poca empatia, pelo Saramago tenha razões que a razão desconhece.
    Abraço

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  7. NBJ
    Olá,
    Vou colocar a minha colherada....e espero não ser mal interpretada ;)...
    Conhecendo alguns livros de Murakami, não sou de todo ''fã'' do senhor, gosto do que ele escreve mas não me toca a alma.Mas....existe um mas...

    Não existem comparações entre todos os escritores que já ganharam o prémio nobel, nem faria sentido.
    Limito-me apenas a dizer que Murakami não me preenche!

    Um abraço

    Blue

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