Eu morro de vontade de começar treinar Tai-chi, mas não encontro bons professores na região onde moro :( Gosto muito dos movimentos suaves e coordenados, que exigem ao mesmo tempo grande concentração e consciência corporal. Sinto falta disso!
'Disciplina' é tão somente um pilar de dedicação à vida que apenas certas culturas prezam. Tornam-na uma forma de missão e arregimentam forças para debelar as mágoas traiçoeiras do seu fado. Mas tudo isso começa cedo e tem tradição. Aqui, não.
Custa a crer que numa região tão grande e dinâmica como São Paulo não seja possível encontrar bons mestres de Tai'Chi, quando se encontram aí tantas escolas de referência para outras Artes Orientais. Em todo o caso, e realmente pensando melhor, ocorre-me que uma certa boa fama que a região Paulista tem no que concerne a escolas de Artes Orientais várias, em quase tudo essa reputação parece estar ligada à forte presença das comunidades de origem nipónica aí, e realmente em quase tudo o que me ocorre, a esse respeito, a referência é... Japão! Ao passo que o Tai'Chi... é China. Uma prática muito interessante, sem dúvida. Eu próprio gostava de, pelo menos, adquirir uma noções. ☺
Obrigado pela visita GI, Beijinho
❖❖❖
Sim, Blue. Aqui não há universidade, liceu, escola básica ou jardim de infância — para não mencionar inúmeras empresas e serviços públicos — que se preze e não tenha o seu tal 'espaço', se bem que nem sempre são tão amplos quanto neste caso. As dimensões dos muitos, muitos 'dojo' que aqui encontramos um pouco por toda a parte, variam consoante a 'casa' que os alberga. Mas de um modo geral, todo o liceu e universidade goza de uma área muito generosa para estas coisas. Já no caso do 'Seishin'Kan' onde eu pratico, e que fica no espaço contíguo a um infantário, a área não tão ampla quanto noutros lugares onde já fui — se somos mais de dez, começa a ficar apertadinho! mas em todo o caso tem condições perfeitamente adequadas às necessidades do 'clã'. Especificamente no que se refere a Portugal e noutros lugares com pretensões a albergar a prática do Kendo na Europa, o que me faz mais impressão nem é tanto a aparente falta de espaços para estas coisas, mas sobretudo o facto de muitos não possuirem soalhos de madeira encerada — coisa que aqui é impensável, quando falamos de Kendo ou Iaido ou Naginata.
Beijinho.
❖❖❖
Tem uma certa razão Margarida. E em qualquer recurso, 'DISCIPLINA' é um conceito difuso. A escolha deste 'slogan' aqui por mim usado — 'Do que nós precisamos é de Disciplina!' — pretendia ser, para todos os efeitos e para uns quanto que assim o identificam, uma alusão ao famoso pesadelo cacofónico do grupo inglês Throbbing Gristle (década de 70) que dá precisamente pelo nome 'Discipline' — http://www.youtube.com/watch?v=Y8klW9trVTQ —, e que era, em si mesmo, uma valente sátira aos tempos então vividos na Grã-Bretanha, no Ocidente e no mundo. E de facto, conceitos como 'Disciplina', 'Cultura' ou 'Dignidade' parecem ser, cada vez mais, chavões ocos na boca de pessoas que na maioria dos casos nunca terão sequer parado para pensar cinco minutos que fosse no que estas palavras verdadeiramente significam e encerram.
Uma questão de educação, Querida Ariel. No sistema social e educativo japonês, o respeito e devoção pelos ancestrais, pelos mais velhos e pelos Mestres, permanece como um dos mais firmes pilares da ordem social local, e este ponto tem uma enorme influência na forma como o valor 'disciplina' é vivido diariamente pelas pessoas.
A palavra 先生 — 'Sensei' ( 'Mestre', 'Professor' ou 'Doutor') — significa literalmente 'antes da Vida', ou seja, 'aquele que precede a (nossa) vida', ou seja 'aquele que já cá andava antes de nós'! Ora isto diz muito. Aqui temos um exemplo, de como o conteúdo profundo de uma expressão num determinado idioma pode revelar algo de culturalmente tão significativo para uma certa interpretação axiológica da sociedade em causa.
Aqui entre nós, e sobretudo no domínio das 'Budo', há um velho adágio que é transmitido inter-geracionalmente e que diz o seguinte: "Se o Sensei diz que os corvos são brancos, é porque eles o são...". Pode parecer a expressão de um autoritarismo castrador e de um desejo de submissão cega, e desprovida de espírito crítico, à autoridade, mas assim não é. Tão-só o reconhecimento do valor fundamental dessa autoridade. E por aí principia a dita 'Disciplina'.
Mas ao contrário do que possa parecer, este sentimento parte de baixo e não de cima: sem a percepção do valor da ordem e demais valores que lhe estão associados por parte daqueles que a ela se submetem, nada a fazer — ou abraçamos uma determinada escala de valores voluntária e espontaneamente ou a mesma não nos diz nada. Tão simples quanto isso. Não há meios-termos nesta questão.
Obrigado pela visita, feliz de a ver aqui, Beijinho,
Para além de ver o meu filho nos seus treinos, tive a oportunidade de ver uma vez “os profissionais” a sério! Impressionante!
ResponderEliminarE que tal Catarina?
ResponderEliminarAssim é bonito de se ver, ou não?
Obrigadíssimo pela visita. ☺
Beijinho
NBJ
Muito legal! Interessantíssimo!!
ResponderEliminarEu morro de vontade de começar treinar Tai-chi, mas não encontro bons professores na região onde moro :(
Gosto muito dos movimentos suaves e coordenados, que exigem ao mesmo tempo grande concentração e consciência corporal.
Sinto falta disso!
Um beijo e bom fim de semana!
Olá NBJ,
ResponderEliminarFiquei impressionada com o espaço, existe um espaço amplo para treinar. Algo importante nos treinos. Aqui não se compara....
Fantástico ;)
Um abraço
'Disciplina' é tão somente um pilar de dedicação à vida que apenas certas culturas prezam.
ResponderEliminarTornam-na uma forma de missão e arregimentam forças para debelar as mágoas traiçoeiras do seu fado.
Mas tudo isso começa cedo e tem tradição.
Aqui, não.
Olá Gi:
ResponderEliminarCusta a crer que numa região tão grande e dinâmica como São Paulo não seja possível encontrar bons mestres de Tai'Chi, quando se encontram aí tantas escolas de referência para outras Artes Orientais. Em todo o caso, e realmente pensando melhor, ocorre-me que uma certa boa fama que a região Paulista tem no que concerne a escolas de Artes Orientais várias, em quase tudo essa reputação parece estar ligada à forte presença das comunidades de origem nipónica aí, e realmente em quase tudo o que me ocorre, a esse respeito, a referência é... Japão!
Ao passo que o Tai'Chi... é China.
Uma prática muito interessante, sem dúvida. Eu próprio gostava de, pelo menos, adquirir uma noções. ☺
Obrigado pela visita GI,
Beijinho
❖❖❖
Sim, Blue.
Aqui não há universidade, liceu, escola básica ou jardim de infância — para não mencionar inúmeras empresas e serviços públicos — que se preze e não tenha o seu tal 'espaço', se bem que nem sempre são tão amplos quanto neste caso. As dimensões dos muitos, muitos 'dojo' que aqui encontramos um pouco por toda a parte, variam consoante a 'casa' que os alberga. Mas de um modo geral, todo o liceu e universidade goza de uma área muito generosa para estas coisas. Já no caso do 'Seishin'Kan' onde eu pratico, e que fica no espaço contíguo a um infantário, a área não tão ampla quanto noutros lugares onde já fui — se somos mais de dez, começa a ficar apertadinho! mas em todo o caso tem condições perfeitamente adequadas às necessidades do 'clã'.
Especificamente no que se refere a Portugal e noutros lugares com pretensões a albergar a prática do Kendo na Europa, o que me faz mais impressão nem é tanto a aparente falta de espaços para estas coisas, mas sobretudo o facto de muitos não possuirem soalhos de madeira encerada — coisa que aqui é impensável, quando falamos de Kendo ou Iaido ou Naginata.
Beijinho.
❖❖❖
Tem uma certa razão Margarida.
E em qualquer recurso, 'DISCIPLINA' é um conceito difuso.
A escolha deste 'slogan' aqui por mim usado — 'Do que nós precisamos é de Disciplina!' — pretendia ser, para todos os efeitos e para uns quanto que assim o identificam, uma alusão ao famoso pesadelo cacofónico do grupo inglês Throbbing Gristle (década de 70) que dá precisamente pelo nome 'Discipline' — http://www.youtube.com/watch?v=Y8klW9trVTQ —, e que era, em si mesmo, uma valente sátira aos tempos então vividos na Grã-Bretanha, no Ocidente e no mundo.
E de facto, conceitos como 'Disciplina', 'Cultura' ou 'Dignidade' parecem ser, cada vez mais, chavões ocos na boca de pessoas que na maioria dos casos nunca terão sequer parado para pensar cinco minutos que fosse no que estas palavras verdadeiramente significam e encerram.
Feliz de a encontrar aqui,
Beijinho
NBJ
Sem dúvida NanBanJin que a disciplina é essencial. Por cá estamos nos antípodas dessas práticas, mas não é de hoje, infelizmente...
ResponderEliminarBeijinho
Uma questão de educação, Querida Ariel.
ResponderEliminarNo sistema social e educativo japonês, o respeito e devoção pelos ancestrais, pelos mais velhos e pelos Mestres, permanece como um dos mais firmes pilares da ordem social local, e este ponto tem uma enorme influência na forma como o valor 'disciplina' é vivido diariamente pelas pessoas.
A palavra 先生 — 'Sensei' ( 'Mestre', 'Professor' ou 'Doutor') — significa literalmente 'antes da Vida', ou seja, 'aquele que precede a (nossa) vida', ou seja 'aquele que já cá andava antes de nós'!
Ora isto diz muito. Aqui temos um exemplo, de como o conteúdo profundo de uma expressão num determinado idioma pode revelar algo de culturalmente tão significativo para uma certa interpretação axiológica da sociedade em causa.
Aqui entre nós, e sobretudo no domínio das 'Budo', há um velho adágio que é transmitido inter-geracionalmente e que diz o seguinte: "Se o Sensei diz que os corvos são brancos, é porque eles o são...".
Pode parecer a expressão de um autoritarismo castrador e de um desejo de submissão cega, e desprovida de espírito crítico, à autoridade, mas assim não é. Tão-só o reconhecimento do valor fundamental dessa autoridade. E por aí principia a dita 'Disciplina'.
Mas ao contrário do que possa parecer, este sentimento parte de baixo e não de cima: sem a percepção do valor da ordem e demais valores que lhe estão associados por parte daqueles que a ela se submetem, nada a fazer — ou abraçamos uma determinada escala de valores voluntária e espontaneamente ou a mesma não nos diz nada. Tão simples quanto isso. Não há meios-termos nesta questão.
Obrigado pela visita, feliz de a ver aqui,
Beijinho,
NBJ