quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma Odisseia




É facto que, há vários anos atrás, quando vi este filme pela primeira vez, não fiquei nada bem impressionado.

Creio que o aspecto, na altura, que mais me feriu foi o 'casting' que me pareceu terrivelmente desajustado do mínimo exigível (o 'meu [nessa época] mínimo exigível'), sobretudo no que respeita à escolha do saudoso Ogata Ken [緒形拳, 1937 - 2008] para o papel principal — Mishima em plena maturidade.
Creio que também, à época, não gostei nada das constantes altercações entre preto-e-branco e os tons berrantes a querer-ser-deliberadamente-kitsch que consomem os capítulos dedicados às obras escolhidas do homenageado. Creio também, e se a memória me não falha, que não estava, então, minimamente em sintonia com as orquestrações minimal-repetitivas (assim o terei interpretado na altura) de Philip Glass
Mas na altura era um catraio que nem sabia o que queria nem do que gostava ou deixava de gostar.


Revisitado por mim recentemente, virtude da aquisição de uma re-edição em DVD da qual há dias vos falava — de início com os olhos postos mais nos suplementos documentais que integra como 'piscar-de-olho' aos potenciais interessados, do que na película que lhe dá o mote...— agora quero afirma-lo com todas as letras: 
este "Mishima: A Life In Four Chapters" de Paul Schrader é pur'e simplesmente um MONUMENTO de assombro — a mais bela homenagem que alguém, algum dia, poderia ter prestado ao Homem (assim mesmo com "H" grande, que é como deve de ser!!) 
Um portento.
É guião, é actores, é cenários, é fotografia, é guarda-roupa, é a música do arco-da-velha,  é luz, é som... é TUDO! É simplesmente TUDO.  TUDO.  TUDO. 


Se ainda não viram, vejam! 


Mas vejam mesmo.


E já agora: regresso ao tema de ontem... 



5 comentários:

  1. Olá NBJ,

    Arrebatou-me , a primeira vez que o vi foi com o meu pai, a segunda também, a ultima sózinha.Uma experiência intensa, seguida de poucas palavras devido à cumplicidade. Mas o meu pai já estava num grande patamar.
    Relativamente à musica do filme de Philip Glass, esse som minimalista que sempre adorei...e que já te enviei...nunca imaginando que existiu uma altura da tua vida em que não existia empatia entre ti e esse minimalismo musical.
    Espero que agora já a tenhas, já a consigas sentir. Caso contrário as minhas prendas serão uma tortura....;)
    O prazer de ouvir esta musica ao vivo tocada pelo Philip Glass, também é um momento de magia...

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=A1vMpkIRAjo

    Beijo grande

    Blue

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  3. As minhas memórias da ocasião em que vi este filme pela primeira vez são algo turvas, até porque foi foi há perto de duas décadas atrás, mas estou em crer que a minha 'antipatia' da altura foi simplesmente uma questão de estado de espírito do dia, ou melhor, daquele serão em concreto. Há dias ou noites assim. Não é aquilo que queríamos ver e pronto. Mas o que é mesmo bom acaba sempre por ser reconhecido, tarde ou cedo! Cada vez mais me convenço.

    Xi Coração!
    NBJ

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  4. Infelizmente ainda não pude ver este filme, apesar de conhecê-lo.
    Provavelmente terei de recorrer ao ilícito mester da pirataria para conseguir vê-lo...

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  5. Então vê, Meu Velho, vê!

    Mas vê mesmo! pelos meios que melhor te aprouver, mas tens impreterivelmente que ver esta peça. Passas-te!

    A edição da CRITERION (U.S.A.) que eu 'publicito' aqui, vale sobretudo a pena porque inclui uma 'piñata' de extras do arco-da-velha, que, eu se bem suspeito, terão um superior valor acrescido também para ti... Mas primeiro que tudo o filme...

    Felicíssimo de ter ver de regresso a esta 'casa'!

    Aquele Abraço Amigo,
    NBJ

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