domingo, 18 de outubro de 2009

Flores Da Noite



Estranha é a noite.
Em Hakata.
Onde silhuetas se escondem e o silêncio das ruas se alumia, no céu sem estrelas de uma noite de Outubro...

Bem-vindas ó luzes saídas das sombras!
À hora da ceia de Sábado, eis o Hakata Tōmyō em todo o seu esplendor.
Entrai. A noite é vossa...
A "Festa das Lanternas" (博多灯明) em Hakata vem todos os anos por esta altura, ainda que em data incerta, mas sempre a um Sábado.
A imagem de cima foi captada da varanda de nossa casa. A grande Kame (亀) e os peixes, seus acólitos.

O ano passado a figura era esta (creio que não a tinha partilhado convosco antes):

Dois Katatsumuri (蝸牛) com as antenas viradas para nós e o Sol de adereço...

São milhares de pequenas lamparinas em invólucros de papel japonês de todas as côres a cobrir pátios, vias, corredores de acesso, as entradas das casas.



E nós, os transeuntes desta vida, somos levados, a divagar.
Mesmerizados pela profusão de impressões emanadas das pequenas lamparinas...




...que dão um outro ar de sua graça às estátuas dos Deuses...

...à memória de uma Antiguidade não tão remota assim...

...aos lugares onde jamais ousamos...

...às pontes que levam a lado-nenhum...

...aquele recinto ali, que há tanto me aguçava a curiosidade...


Ah! E ei-las:
As Artesãs Da Noite.

Geisha e Maiko-san são visões raras por estas paragens.
Esta é uma chance única para contemplar as Maiko de Hakata na timidez da distância...

...e os que mais se aventuram por terreiros secretos...

Boa-Noite a todos.


NOTA: As fotos são obra da Etsu, que ontem estava ao leme.




segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A IDEIA É MUITO INTERESSANTE, MAS...


...apresentar uma candidatura conjunta HIROSHIMA-NAGASAKI - cidades que distam quase 400 km uma da outra - aos JOGOS OLÍMPICOS de 2020 é manifestamente uma aposta arriscada e de difícil concretização. Em qualquer caso, à partida, eu APOIO.

LER a história aqui.

sábado, 10 de outubro de 2009

BOM FIM-DE-SEMANA. 2:45 Over Tokyo!

É um passeio ligeiramente mais extenso e seguramente bem mais tranquilo que o desses famosos trinta segundos do Tenente-Coronel James Doolittle - e do filme que lhe tomou o nome -, este que hoje, e aqui, vos proponho.

Faça chuva ou faça sol, seja de dia ou de noite, em boa companhia ou solitariamente às voltas perdido entre ruas sem nome nem placa, alucinando quixotescamente entre milhares de neons multicolores iluminando as avenidas de Shinjuku sem princípio nem fim, com Jogos Olímpicos ou sem eles, Tokyo é ainda, hoje e sempre, o Greatest-Show-On-Earth!


Boa Viagem!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Chicago, Madrid, Rio... ou Tokyo?




*
Das quatro cidades, a única onde nunca estive e à qual não guardo especial afecto é a candidata norte-americana, tendo, as três restantes, lugar cativo no meu coração, por vários e concorrentes motivos de simpatia e afinidade.

Sumariamente e começando pela última candidata elencada:

TOKYO-TO (東京都), JAPÃO - à Kyoto-do-Leste, guardo-lhe necessariamente um especial carinho, mais que por ser a majestosa capital do país que me acolhe, sobretudo porque foi nesta imensa megalópole - a mais populosa área urbana do Mundo - que pela primeira vez, já lá vão quatro saudosos anos, experienciei, com comovida surpresa, a delicada e tão gentil hospitalidade nipónica que ainda hoje tanto me impressiona e tomo de referência.
E não obstante a orgulhosa antiga Edo ter levado a melhor à minha mais querida Fukuoka, cidade de meu domícilio - que também ousou, em dada altura, apresentar a sua candidatura a este prestigiadíssimo evento -, de bom grado lhe dou uma terça parte do meu favor.
A dada altura ter-lhe-ia retirado a minha simpatia, ao ter sido previamente estipulado que a recepção dos jogos de Verão implicaria a destruição da mítica lota de Tsukiji - um dos mais emblemáticos lugares da grande Tokyo, que a perder-se inscreveria uma nova nota trágica na história de tão nobre quanto atribulada cidade -, mas tamanha insensatez acabou por sofrer vários revezes, e a área hoje adjudicada à candidatura nipónica é um espaço já antes atribuído a eventos da magnitude dos Jogos de Verão e a justificar o esforço de renovação que agora lhe foi destinado.
Contra a candidatura de Tokyo, ergue-se, curiosamente, uma parte muito significativa da opinião pública japonesa, hoje muitíssimo mais crítica do que outrora face a "extravagâncias" desta monta, nos quais o Japão é pródigo no abrir dos cordões à bolsa, e sobretudo sendo o tempo presente, virtude da crise financeira que bateu de súbito à porta, uma época de veementes apêlos à contenção e à "moralização" dos dispêndios públicos, discurso que aliás foi muito convenientemente apadrinhado pelo Partido Democrático do Japão e pelo seu líder Yukio Hatoyama, ambos recentemente brindados com uma estrondosa vitória nas eleições legislativas de Agosto.
Acresce - não sendo este necessariamente o mais pesado dos senões ao "bid" nipónico - que esta seria - se contarmos com a atribuição abortada de 1940 - a terceira vez que Tokyo seria chamada a realizar a edição dos Jogos de Verão, e não esquecendo a atribuição às cidades de Sapporo e Nagano dos Jogos de Inverno, em 1972 e 1998 respectivamente.

RIO DE JANEIRO, BRASIL - Onde há Brasil, bate um coração português. Do Rio só tenho nebulosas memórias de uma infância remota - tinha 5, 6 anos de idade quando lá estive pela minha primeira e única vez -, mas o Rio é sempre uma imagem estonteante na grande alucinação lusíada. Querer que o Rio ganhe esta causa, é querer ver nessa vitória algo de nosso - quanto mais não seja a primazia da Língua de Camões no anunciar de provas, títulos e heroismos ao longo das festividades, a ser-lhe entregue a comenda - mas é mais que isso: é um carinho, é um apego de família à Pátria Irmã, essa onde flui tanto do sangue e da Alma de Portugal. Deus Te abençoe ó lindo Brasil.
O Rio tem a seu forte favor o apresentar da sua candidatura num momento histórico de crescente e empolgada afirmação do Brasil no Mundo e sendo este o mais empenhado e apaixonado esforço até hoje visto por parte de um país sul-americano em trazer a grande parada olímpica para o seu continente, o qual nunca colheu a honra e o previlégio de tamanha chance.
De mal com o Rio de Janeiro, é certo e não há como negá-lo, pesa, acima de tudo o mais que se possa nomear, uma triste e dura história bem presente de desvairada violência urbana quotidiana, e esta constitui um embaraço de dificílimo desenleio para a Cidade Maravilhosa. Quero crer que este aspecto flagrantemente negativo para a candidatura carioca não terá sido negligenciado pelos respectivos promotores, mas o certo é que menos ainda o será por parte da instância decisória...

MADRID, ESPANHA - A España quiero mucho y aún más a Madrid. De Madrid tenho muitas e variadas recordações, e é, de todas as cidades de Espanha, aquela onde sempre me senti melhor acolhido.
Como não comungo de quaisquer sentimentos de anti-Castelhanismo primário, a questão de ter a capital espanhola como anfitriã dos Jogos não me faz a mais pequena espécie.
Madrid merece. E a exuberância de Madrid reclama esta oportunidade.
Recuso-me peremptoriamente a conjecturar sobre os hipotéticos benefícios ou malefícios (se os há quem os aponte) que a atribuição desta responsabilidade à terceira maior cidade da União Europeia traria ao vizinho Portugal. É matéria que relego para os especialistas de título e de direito na mesma. Em todo o caso, a candidatura madrilena é a segunda que pior conheço e como tal concluo aqui, e a seu respeito, a minha dissertação.

CHIGAGO, ILLINOIS, E.U.A. - E acerca da moção americana menos ainda tenho a dizer, para além do óbvio de que esta é uma candidatura muito forte e promissora, não obstando serem os Estados Unidos da América o país que possui, no seu currículo, o recorde de concessões na organização dos Jogos, contando o somatório - 8 ao todo - das atribuições referentes ao Jogos de Verão asim como aos de Inverno: Saint Louis em 1904, Los Angeles em 1932, novamente Los Angeles em 1984, e ainda Atlanta em 1996 (Jogos de Verão), recordando ainda Lake Placid, Squaw Valley, novamente Lake Placid e finalmente Salt Lake City, nos anos de 1932, 1960, 1980 e 2002, respectivamente (Jogos de Inverno).

Deixo-vos com o bonito filme promocional da candidatura de Tokyo, muito bem feito:


Gambatte kudasai!