sexta-feira, 24 de julho de 2009

LAR DOCE LAR...

Aos incautos, frequentadores menos assíduos deste blog-espaço-de-convívio, um esclarecimento prévio: Não... Não se tratam de imagens da minha querida Fukuoka, Kyushu, Japão, lugar do meu domicílio...

De regresso a casa, tempo para uma breve passagem por Shangai, República Popular da China, lugar de muitos (des)encantos, gente de muitas raças, côres e credos, praça de todos os negócios (da China e não só)...
A intenção inicial não seria tanto um apreciar da capital comercial do Império do Meio, mas tão somente contemplar, de regresso a casa - digo-lo uma vez mais - aquele que foi anunciado como sendo o mais longo Eclipse Total Do Sol do Século XXI...

Sim: de retorno à Ásia que trago no peito, tempo para uma litúrgia da Mãe-Natureza em pessoa, de dimensões e solenidade sem igual, como nunca antes me tinha sido dado o privilégio de presenciar, e, claro está, o entusiasmo - para mais sendo esta a 1ª vez que iria pisar o solo da grande promessa do novo século - era mais que muito...

Tripla decepção - um mal nunca vem só! e desta foi a valer: nem Eclipse - antes de mais por pura displiscência deste vosso NanBan, que se meteu num avião que (necessariamente) acabava por o pôr no devido destino demasiado tarde para o efeito ("Oh NanBan! Então não estás já mais que batido em viagens entre a Europa e o Extremo-Oriente??? Então não 'tás fartinho de saber que chegas lá 'um dia depois'?"... Eu sei... Eu sei... Não batam mais no ceguinho... enfim...) - e nem que, ainda que comparecendo a horas, pretendesse gozar o melhor do propósito inicial da minha vinda à China neste 22 de Julho de 2009, o céu do dia era bem o que podeis apreciar das fotos aqui anexadas: e escassos minutos depois de serem tiradas as famosas fotos, chovia a potes como só climas como aquele, nesta altura do ano, permitem... ("Oh NanBan! Então não estás já mais que batido no 'saborear' do clima extremo do Sul do Extremo-Oriente??? Não estás mais-que-esclarecido de como é o 'Verão' de lá??? ... Eu sei... Eu sei... ora, pois...)
Terceira etapa da borrasca: (mais um aviso prévio: ainda que estando longe de partilhar sentimentalismos universalistas de gosto new age mais-que-duvidoso, faço questão de dizer aqui e agora que não gosto, MESMO NADA, de dizer mal de seja quem fôr... mas no caso em apreço fico mesmo sem margem de manobra...) Shangai, a tão badalada, tão apregoada, tão promissora Shangai deste início de Século (o tal a quem já há quem chame O Século da China) ia-me matando de susto!

Aquilo que eu só posso comparar à Câmera dos Horrores de um certo museu de figuras de cêra, começa, enquanto itinerário, no trânsito automóvel selvático, passa pelo panorama geral dos gigantescos parques habitacionais de arranha-céus de betão barato, dá uma volta pelo centro histórico - o famoso e, de facto, interessantíssimo Bund - alegada e repetidamente apresentado ao Mundo como área protegida (mas protegida do quê??? Digam-me lá... é que sinceramente não percebi!... ide lá e apreciai com os vossos próprios e insuspeitos olhos...), onde abunda o mais nauseabundo lixo por tudo quanto é pedaço de chão, não há um passeio público, um sequer!, em condições mínimas, e as obras (a pôr tudo o que resta do avêsso) para a mui publicitada EXPO 2010, a darem cabo da minha réstia de esperança de sair dali com um sorriso breve-que-fôsse de alguma simpatia...
Dia 23, dia de finalmente! voltar então a casa. Um passeio de duas horitas e pouco, ainda e sempre pelo centro que a cada passo mais e mais se parece - irreversivelmente - com uma versão (very) low budget de Tóquio, de fazer o mais empedernido sinófilo chorar de raiva... e depois... "Basta!": o fedor pestilento do lixo omnipresente, a poluição opressiva (agressiva como nunca tal esperara exprimentar na vida...) que mal deixa os pulmões de quem de fora ambientarem-se por um minuto que seja, o frenesim atropelante, desumano de peões e veículos que só sabem da sua sorte e das horas e lugar onde se devem apresentar, acabavam de deitar por terra o meu último e diplomático esforço de confraternização com esta Nova Babilónia-A-Grande...

À hora da ida para o aeroporto de Pu'dong, num taxi literalmente a voar aos "S"s pelo que parecia ser uma vulgar auto-estrada (tão longe estava eu de perceber ao certo o que aquilo era, nem vos sei dizer ainda... de tão caótico que é!...), a velocidades a oscilarem somente entre os 160 e 200 Km/hora (isto é autêntico meus queridos leitores!!!), com algumas ultrapassagens em movimento quase elíptico pelo meio, e pelo meio de camiões cisterna de combustível com umas quantas buzinadelas de permeio (decididamente em certos lugares do nosso Mundo devia ser crime tocar-se sequer num volante de um veículo a motor...)... tempo para fechar os olhos... tentar respirar correctamente... não pensar demasiado na vida nem na... ouvir alguma música?... talvez?...

A banda sonora para a hipotética morte na estrada de um estrangeiro a caminho do aeroporto internacional de Shangai?... Calhou no Ipod um tema de uma banda de rock Inglesa, destas d'agora, que por acaso tive o prazer de apreciar aqui no Japão, num pequeno clube de Tóquio, há uns meses poucos e de quem gostei bastante, confesso - os White Lies ...
O tema: Fairwell To The Fairground - and the song goes:

Farewell to the fairground, these rides aren't working anymore.
Goodbye to this dead town, until the ice begins to thaw.

This place used to gleam, i see it in my hopeful dreams, now i had to get away.
We move towards the stars, and all that we touch becomes ours, lets keep warm till it's day.

Farewell to the fairground, these rides aren't working anymore.
Goodbye to this dead town, until the ice begins to thaw (...)

(...) Keep on running, keep on running, there's no place like home,

...There's No Place Like Home...



7 comentários:

  1. Antes de mais, folgo em ver-te novamente pela blogo. :)
    Como o Ângelo está de retirada dessas bandas, conto com os teus excelentes posts para ficar elucidado acerca da realidade japonesa. ;)
    De facto sempre ouvi dizer que a China é um país caótico, cheio de grandes contrastes sociais.
    Curiosamente já me tinham dito que o lixo e o mau cheiro são uma constante nesse país. Com certeza que te deve ter chocado a diferença entre o Japão e a China em termos de organização e de qualidade de vida.
    Pior que a Shangai só Bombaim...

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  2. Eu continuo a dizer que Beijing é muito melhor do que Shanghai! Mas parece que o resto do mundo não concorda comigo... Até agora!

    E porquê que não te meteste no Maglev para o aeroporto? Rápido, limpo, barato e nada de Ss!

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  3. A Rosinha rocks, pá! Ao menos não é uma falsa! AH AH!

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  4. Camaradas & Amigos:
    Um Sentido "MUITO OBRIGADO" pela vossa paciência, simpatia, amizade, carinho, camaradagem, bons conselhos e tudo o quanto de mais de vós recebo de bom. Espero estar sempre altura das vossas expectativas!

    Caríssimo Ângelo:
    O Maglev... Ah! Isso sim! É verdade... Mas eu só queria pôr-me ao fresco dali p'ra fora enquanto antes: ainda ter que procurar a estação própria para o efeito - num/a país/cidade onde as relações com a língua Inglesa (a internacional, a tal) são ainda piores que no "nosso" Japão - e ainda ter que me entender p'ra comprar o bilhete, descobrir o cais d'embarque certo, etc., etc.... Sim, tudo bem: dou-te razão - sobretudo depois de saber o que passei naquele "breve" percurso de estrada -, até porque te garanto que quase me vieram as lágrimas aos olhos quando o carro finalmente parou junto ao terminal das partidas internacionais do aeroporto... Fiquei a saber como é... Para a próxima... Não! Não quero que haja "próxima"! para aqueles lados é que NÃO!!!

    P.S.: Também quero crer que Pequim é bem mais aprazível.

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  5. Não é a primeira vez que oiço estes comentários sobre muitas cidades da China,,, o interior deve ser bem diferente.
    No meio disso tudo temos pelo menos um lado posistivo,,,,:: voltamos a ter posts,,, sim porque se tivesses gostado,,, se calhar ficavamos mais unas semanas a espera,,,ahahha..

    Bom regresso.

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  6. Adorei, Shangai. Já fui muito feliz por essas bandas ...

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