sábado, 22 de maio de 2010

Lamento

Custa-me muito ter que o dizer, mas... no que respeita à prometida extensa 'reportagem' cobrindo o 106º Kyoto En'Bu Tai'kai [京都演武大会], tenho mesmo que erguer os braços em jeito de rendição, de lenço branco na mão, e reconhecer a minha derrota na dura batalha que venho travando contra o meu PC há já quase duas semanas.

O resto — sobretudo fotos dos shiai de dia 5 e vídeos, incluindo o do shiai do 'nosso' Nakayama Sensei, que este mês colheu o imensamente prestigiante e cobiçadíssimo Hachi-Dan (8º Dan), passando a ser o segundo detentor de tão alto grau na modalidade entre os Kenshi do nosso 'clã' — perdeu-se ou jaz absorto no falecido hard-disk que foi a substituir, sendo certo que, tal seja o caso, e um dia que tanto me seja eventualmente permitido, certamente resgatá-lo-ei dessa funesta treva que o tem cativo. Por ora, nada mais posso fazer. Uma vez mais, as minhas mais sentidas desculpas — é o que dá não fazer back-ups em tempo útil e deixar para amanhã o que podia ter feito ontem... Aprendei com as mal-aventuranças deste vosso NanBan, Queridos Amigos e Leitores...


E porque limitar-me a escrever este lamento/pedido de desculpas, decididamente não me satisfaz — recordemos as sábias palavras de Yamamoto Tsunetomo no 'Hagakure': «Mesmo quando a derrota é iminente, retalia!» —, aqui vos deixo esta magnífica execução das dez 'hon-me' [本目] do Nihon Kendo Kata [日本剣道形], colhida algures do Youtube, e para que ninguém diga que não sou vosso amigo!... E, claro!, don't try this at home...


Bom fim-de-semana!


7 comentários:

  1. 1. Por causa disso é que ontem comprei um disco externo de 1 TB, pois também não tenho o hábito de fazer backups em tempo útil. Além disso, o volume da info já é tão grande que começa a não caber em DVD.

    2. É admirável a tua dedicação e amor ao Kendo. Não é muito comum num gaijin luso...
    Quem me dera!

    3. A citação de Yamamoto Tsunetomo é brilhante, pois consubstancia a característica combatividade japonesa.

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  2. Viva Maldonado.
    Olha: esta história do disco 'gone kapputt" deitou-me mesmo abaixo.
    De tal modo, que até me apeteceu deixar pur'e simplesmente de escrever aqui. Mas decidi que não vou ceder a amuos, e agora é ir à procura do que este 'meu' Japão tem para nos oferecer e seguir em frente.
    De resto, é como o Ângelo, há uns dias, aqui escreveu, nos comentários: felizmente acabei por 'guardar' muito do que se perdeu nest'última enxorrada, precisamente aqui, no TLNBJ. Valha-nos isso. Se nunca tivesse publicado essas muitas imagens e curiosidades que vou aqui depondo de quando em vez, o estrago teria sido muito maior.

    Obrigadíssimo pelo teu apoio.
    NBJ

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  3. Nan Ban Jin,

    Lamento o que aconteceu ao seu PC. As memórias são tão importantes que não vai esquecer. Se as escrever vai perpétuar o que perdeu. A experiência interior, intelectual, essa vai ter sempre.

    Esta arte que nos apresenta, tem servido, no que me diz respeito a ensinamento. Talvez por ser mulher, não sou muito sensível à arte. Tenho a agradecer a novidade e um estar na vida com uma postura diferente.

    «Mesmo quando a derrota é iminente, retalia!»

    Vai servir de mote para o meu dia.
    Obrigada, um abraço
    Ana

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  4. Obrigado Ana.
    É sempre um gosto vê-la por cá.

    Desejo-lhe uma excelente semana.

    NBJ

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  5. Sobretudo quando a derrota é iminente, retalia! :-)

    Se bem interpreto o que o vídeo mostra, trata-se de uma demonstração de golpes com «espada real». É isso?

    Um grande e solidário abraço!

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  6. Meu Caro C.A.:

    Muitíssimo obrigado pela visita.

    Respondendo à pergunta que aqui deixa: não, não se tratam de Katanas 'bem afiadas', mas sim de "Iai'to" [居合刀] ou "Mogi'to" [模擬刀] — simulacros de Katana ou 'Nihon-To' [日本刀], espadas Japonesas genuínas — se bem entendo a dúvida colocada.

    Muito, muito sucintamente: o "Nihon Kendo Kata" [日本剣道形] é uma disciplina do Kendo que implica o estudo e prática, gradual, de 10 'kata' (ou 'formas') pré-estabelecidas, que pretendem revelar e aperfeiçoar a prática relativa a um certo número de situações combativas, assim entendidas, nesse sentido, numa primeira instância, e numa visão mais complexa e filosófica, num outro plano.

    Via de regra, o 'Nihon Kendo Kata' é ensinado aos Kenshi e praticado nos 'dojo' com recurso a um 'simulacro' da 'Katana' ou 'Nihon'To' (espada Japonesa) em madeira, designado 'Boku'to' ou 'Bokken' ('boku-to' [木刀] significa literalmente "espada de madeira").

    É comum, quando se realizam eventos importantes atinentes à modalidade, tais como torneios ('Tai'Kai' ou 'Dai'kai') ou sessões de exames e graduação, a cerimónia de abertura do evento em causa, envolver uma exibição de 'Nihon Kendo Kata' por duas personalidades prestigiadas entre os praticantes da modalidade, da região, município ou país onde o evento tem lugar.
    Nessas ocasiões, e por se tratarem de momentos de elevado valor cerimonial, os 'Sensei' (Mestres) encarregues de proceder à exibição cerimonial/ritualizada das dez 'kata', fazem-no utilizando estas 'Iai'to' de lâmina não-afiada, claro está!
    Em todo o caso, e mesmo tratando-se de lâminas não-cortantes, o perigo de executar este exercício sem ter prática ou instrução para tanto, é por demais evidente...
    O 'Iai'to' é, para todos os efeitos, a arma utilizada na prática do Iaido (居合道), a 'Budo' (Arte-Marcial) 'irmã', por assim dizer, do Kendo (剣道), tendo, o Iaido, por objecto, a prática das técnicas de desembainhamento e corte com a espada, não envolvendo o uso de técnicas combativas que impliquem a prática com adversários.

    Tanto quanto me recordo, há algum tempo, tive o imenso prazer de ver na CASA IMPROVÁVEL, um excelente excerto de um documentário sobre várias 'Budo' nipónicas, onde a prática do Iaido é abordada de uma forma muito interessante. Nada como lá voltarmos e tornar e ver!

    Uma vez mais muitíssimo obrigado pela visita!
    É um gosto!

    NBJ

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  7. Ah! De facto pareceu-me que se tratava de lâminas, e fez-me alguma impressão pensar que estariam afiadas... No documentário que menciona não tenho ideia de as ter visto.
    Muito obrigado, meu Caro. O gosto é todo meu!

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