Não, não foi o titânico e crónico défice das contas públicas Nipónicas (mais de 200% do P.I.B, a 2ª mais severa dívida pública do Mundo a seguir à do Zimbabwee, e tendo em consideração a dimensão económica do Japão [esta é, ainda, em simultâneo com tamanho descalabro financeiro, a 2ª maior economia do Mundo...], o passivo Japonês equivalerá, vá lá, assim... números redondos, a umas 17 a 20 Grécias) que, de per si, justificou, aquando da chegada do DPJ ao executivo, em Setembro do ano passado, a quase-imediata, suspensão de mais de 200 projectos de obras públicas à altura já em fase de implementação — no mais dos casos produto da imensa 'generosidade eleitoral' dos anteriores governos do LDP —, e sua subsequente reavaliação — mas... adiante...
Também não foi a incapacidade em trazer, em escassos oito meses de executivo, estímulos que se vissem, a uma economia já há tempo a mais a braços com uma grave recessão que vem de trás da crise financeira de 2008, e uma galopante queda de popularidade de Hatoyama e seu governo, a resvalar para uns modestos 20% de apreciação positiva do gabinete da coligação DPJ / SDP (Sha'Min'To [社民党] Social-Democratas, centro-esquerda) / NPP (Kokumin'Shin'To [国民新党], o Novo Partido do Povo, de centro-direita) segundo as mais recentes sondagens.
A Hatoyama Yukio, bastou falhar no cumprimento de uma importante promessa eleitoral por si previamente assumida: a resolução da questão de Futenma [普天間], base do U.S. Marine Corps em Okinawa, ponta-de-lança da estratégia defensiva comum Japão/E.U.A, braço-de-ferro recorrente entre a população e o Governo, e dôr-de-cabeça permanente para ambos.
Sobre a questão de Futenma ler mais aqui e ver a interessante e elucidativa reportagem da Al-Jazeera já aí, abaixo ↓
E ainda, sobre a demissão de Hatoyama da chefia de Governo, suas causas e consequências:
Esta notícia também me apanhou de surpresa. Está instalada uma crise política no país...
ResponderEliminarA ver vamos como os japoneses descalçam essa bota...
Viva Maldonado!
ResponderEliminarNão será bem assim.
Para todos os efeitos o governo do DPJ, mesmo sem os Sociais-Democratas — cuja líder, a Srª. Mizuho Fukushima, entretanto bateu com a porta — mantém-se à frente dos destinos do Japão de pedra-e-cal, não haverá lugar a novas eleições para a Dieta tão cedo, e o novo 1º Ministro, saído do gabinete demissionário (em princípio o Ministro Adjunto Naoto Kan) assumirá funções muito em breve.
A questão da estabilidade política por cá não está, em princípio, em causa.
Na verdade, foi a questão da base de Futenma o que fez "descarrilar o comboio" neste caso, a par de alguns 'escândalos' relacionados com o financiamento do DPJ, mas claramente de importância menor, face ao que se passou no caso da Base Militar Americana em Okinawa.
Hatoyama havia sido muito insistente e aparentemente peremptório aquando da campanha eleitoral para as eleições do ano passado, quando prometera resolver de uma vez por todas a questão de Futenma, que se arrasta há décadas.
Ora, sucede, que desde a tomada de posse deste Governo em Setembro passado, se vinha tornando cada vez mais claro que a questão de encontrar um novo 'terreno' onde recolocar a base dos Marines era uma tarefa por demais complicada para este executivo, tendo sobretudo em conta, por um lado, que Hatoyama, pessoalmente (e como o próprio veio recentemente a público admitir de viva voz) não estava devidamente documentado acerca das dificuldades inerentes a escolha de uma nova localização para a base de Futenma, e por outro, a questão da recente escalada da tensão entre as duas Coreias que tem um pêso considerável na atenção dispensada a esta questão, a par de uma série de compromissos que os anteriores governos do rival LDP haviam já assumido, ao longo das últimas décadas, perante os E.U.A., e em especial no que concerne a esta estrategicamente importantíssima base.
Um último esforço para transferir a base dos Marines para outra 'freguesia, foi lançado pelo governo de Hatoyama há alguns meses atrás, ao propôr a transferência da base para a Ilha de Tokunoshima, pertencente à Prefeitura de Kagoshima, a prefeitura mais a Sul de Kyushu — cuja jurisdição abarca várias outras pequenas ilhas próxima da "Ilha-Mãe" de Kyushu, tais como Tanegashima e Yakushima.
Tokushima é de facto uma ilha muito pequena e relativamente isolada, mas apesar disso, os protestos por parte da população local e de várias outros quadros da sociedade civil e forças políticas lograram fazer-se ouvir mais alto.
O copo d'água acabou por transbordar a semana pasada, quando o governo admitiu em comunicado ao país, que a questão não era passível de ser resolvida como o DPJ prometera aquando da campanha eleitoral, e assim reconhecendo a derrota de Hatoyama e do seu governo nesta sensível questão.
As consequências eram mais que expectáveis...
Em todo o caso, e voltando à questão da tensão crescente entre as duas Coreias, tal situação tem vindo a recordar ao Povo Japonês e ao Mundo a falta que o "Capitão América " aqui faz. Por muito que custe a muita gente aceitá-la, essa é a crua realidade...
O que quer que seja que se passe na Península Coreana, apanha por tabela o Japão.
E como um reputado especialista referia há algum tempo atrás num interessante artigo que creio ter "linkado" aqui: "O Japão tem o 'Escudo', mas falta-lhe a 'Espada'..."
Essa, tem-na o Tio Sam...
Um Grande Abraço,
NBJ
Muito interessante, como sempre, a tua perspectiva sobre este assunto, Nan Ban Jin.
ResponderEliminarEm Portugal não passam notícias quase nenhumas sobre isto, tal como não passam notícias de muitos outros países (tudo o que seja fora da União Europeia, Usa e Países Africanos de Expressão Portuguesa, esquece).
Deixar 'tar Pulha, que aqui é do mesmo, mas ao contrário:
ResponderEliminartudo o que não seja Ásia (até à India, que para lá do sub-continente Indiano [para esta gente] não é Ásia, é 'Médio-Oriente'... Ásia não! Ásia vai daqui até à Índia...)/Pacífico, algum U.S.A. e restantes Américas de alguma relevância para a opinião pública de cá (Brasil, Peru...), não passa...
Só se fôr muito, muito grave — Grécia, Portugal... (acedita, que destes dois, eles ultimamente têm falado mais do que é hábito, bem mais... ai!, pois é...)
Meu Grande Abraço,
Obrigadíssimo pela visita.
NBJ