quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

TAKARAZUKA e as mulheres...



Este artigo d'hoje, vem sobretudo a propósito de um outro escrito ontem ou anteontem pelo Nuno-San no seu blogue "O Brito No Japão", por mim muito apreciado, e onde essencialmente era levantada a questão sobre umas estranhas filas compostas exclusivamente por senhoras que surgem um pouco por todo esse Japão urbano fora - se bem que, no caso do artigo do Nuno-San, o inquérito se referia exclusivamente a uma dessas filas com que o próprio costuma dar de caras vez por outra, junto à estação de Shinagawa, Tokyo.
 
Eu, da minha parte, trouxe à caixa de comentários daquele artigo, uma ou outra proposta para-científica ácerca  das misteriosas origens e significado de tão peculiar fenómeno esse das longas e insondáveis filas de mulheres aqui e ali por estas terras. No entanto, momento para vos aqui deixar um senão: aquilo que na verdade me veio logo à cabeça, quando li o artigo do Nuno-San, no blogue dele, foi, em bom rigôr, o estranho caso da TAKARAZUKA REVUE ( http://en.wikipedia.org/wiki/Takarazuka_Revue ) - aos que se interessam mesmo por estas coisas, o conselho é de que primeiro tratem de ler o artigo na 'Wikipedia' cujo 'link' vos deixo aí supra entre parêntisis, porque realmente está muito bem escrito, é distanciado e sobremaneira elucidativo. Já agora, o correspondente artigo na 'Wiki' mas desta em Português, também está muito aceitável (mormente para os que não gostam ou não têm aptidão para ler em Inglês).

Para os que, de todo, não gostam de ler nada na 'Wikipedia', então ora cá vai de minha lavra: 
TAKARAZUKA REVUE é um fenómeno exclusiva e genuinamente Japonês (VER: caixa de vídeo já aí mesmo ao lado).
TAKARAZUKA REVUE, ou só TAKARAZUKA prós amigos e conhecidos, dir-me-ão os espíritos mais agitados, é de um gosto mais-que-duvidoso, é uma foleirada intragável, é de fazer o próprio conceito de kitsch empalidecer de vergonha de tão fatela-lamechas-e-poluídovisual que é.
        TAKARAZUKA, direi eu, tem uma graça muito própria (ainda que só por pouco mais de 10 minutos, admito).
 
Mas afinal, perguntais vós, concretamente que treta é essa da takara...tata, taka-não-sei-quê ou lá como é qu'isso se chama
 
Bom, TAKARAZUKA é, ao que parece, uma prestigiadíssima companhia de teatro, fundada em 1913 (Ano 1 da Era Taishoo), na cidade do mesmo nome, na perfeitura de Hyoogo, por iniciativa do então presidente da companhia de caminhos-de-ferro Hankyu, que tratava de ligar, à época, a cidade de Osaka à perfeitura de Hyogo - e tendo, a dita linha de caminho-de-ferro, precisamente a cidade de Takarazuka como última estação. 

A terriola de Takarazuka, ao que parece, já era então um afamado destino turístico, por virtude dos seus magníficos Onsen (estâncias termais, ou spas, prós snobes) teve, a dada altura, o dito senhor presidente da companhia dos comboios Hankyu, a visão genial de criar uma atracção extra para a cidade, destinada a cativar mais clientes para a linha de caminho-de-ferro em causa e dar uma subida ao preço dos bilhetes.

Dado que em 1913, sentia-se já, por muito desse Japão fora, um crescente apetite por tudo quanto fosse ocidental e moderno, os responsáveis pela implementação da ideia, concluíram que o ideal seria criar uma companhia de teatro ao estilo cabaret/teatro de variedades parisiense, com cenários grandiosos, grandes cliques de coristas emplumadas e de perna bonita, dramas de palco cheios de emoção e aventura e, claro está, o melhor do cançonetismo popular romântico  da época - de matriz fundamentalmente europeia, note-se.
Mas nada disto seria muito de estranhar ou de achar muita graça, não fosse a dita companhia de teatro - que com o andar dos tempos e sucesso após sucesso se tranformou num extraordinário fenómeno de massas - não fosse, dizia eu, ser a casa exclusivamente, é verdade, exclusivamente composta por... mulheres!
 
É verdade: elas fazem os papéis femininos (musumeyaku). Elas fazem os papéis dos homens (otokoyaku). 
 
E pasmem os meus queridos leitores: são precisamente as/os otokoyaku (personificações de homens - é o que a palavra significa) que constituem a grande e principal atracção de tudo quanto provenha das trupes (5 ao todo) TAKARAZUKA que enchem matinés e soirées por este país fora, e - digam-me lá agora se a estranheza que isto parece causar é ou não da minha cabeça - com um público e para um público constituído em 90% por... mulheres. 

Sim, é isso mesmo: senhoras e meninas de todas as idades acorrem entusiasticamente a cada nova estreia de qualquer uma das 5 trupes da TAKARAZUKA, fãs incorruptíveis dos 7 aos 77, com a mesma paixão e dedicação trans-geracional, que só mesmo os Rolling Stones devem bater nos números.

Há pelo menos um par de teorias sociológicas sobre a atracção que esta celebrada companhia de teatro/cabaret romântico-delico-doce-e-flamejante exerce sobre o público feminino japonês (LER: artigo na 'WIKIPEDIA, supra em referência). Mas quanto a mim qualquer uma das duas conjecturas académicas não me convence muito. 

Mas já agora, vejam os videos aí ao vosso dispor, leiam mesmo o artigo em 'link', e 
dizei-me de vossa justiça.

sábado, 24 de janeiro de 2009

"BATE LEVE, LEVEMENTE..."

...Como quem chama por mim... Será chuva, será gente? Gente não é, certamente. E a chuva não bate assim..."
Pois é verdade: ele há a danada da crise, o €uro a Yen:115,00 (o que dá para chorar), o malfadado Nihon-Go que é bicho que não há meio de o domesticar, as saudades do bacalhau à Gomes de Sá, das idas a Melides e à Foz do Arelho, a falta que os entes queridos lá longe nos fazem, e o que mais podia vir par'aqui reinvidicar. Mas a verdade é que o dia de hoje 24-01-2009 vai ficar positivissimamente (faço questão de deixar aqui o neologismo) gravado na minha memória: NEVOU EM HAKATA!!! nevou em Hakata e de que maneira! e a cidade ficou linda de morrer!
Não é que eu não goste da cidade sem neve, não, não é nada disso - Fukuoka (Hakata prós amigos) é certamente das cidades mais aprazíveis do Japão (sem desmérito para as outras), mas há que dizê-lo: a neve confere-lhe um especial encanto.
E para mim, que sou natural de São Sebastião da Pedreira, como 75/80% dos Lisboetas, e na capital lusa vivi 34 anos, neve assim, à grande, a cair sobre nós, com pompa e circunstância e a deixar tudo coberto de branco em redor - é realmente uma visão avassaladora, do mais encantador e poético que se possa viver.
Sinto-me um puto!
WISH YOU WERE HERE...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Capítulo 0

E pronto! Está feito.
De uma vez por todas declaro-me rendido às evidências: ter um blogue (pelo menos nas circunstâncias peculiares em que me encontro,  e adiante já me explico melhor) começa a ser uma daquelas "necessidades inventadas", como o telemóvel ou o micro-ondas ou o IPod, que acabam por se transformar - com o tempo, e por força das circunstâncias - numa necessidade de facto.
E há que dizer isto, porque os meus prezados leitores, como logo poderão depreender, ao darem--se à maçada de apreciar este "Capítulo 0" do meu novíssimo blogue, estão precisamente a participar na inauguração da obra de um blogger que não gosta particularmente de "blogues", ou sequer do ciberespaço, ou sequer de escrever umas pobres linhas. Em 5 palvras: Sou preguiçoso para estas coisas. Ponto final.
E estranhar-me-á porventura, o meu querido leitor, se eu lhe revelar neste preciso instante, que me encontro a residir - é verdade! a residir - no Japão - celebrada pátria da mais extravangante criatividade tecnologica e da mais delirante sobre-modernidade, país que alberga as mégalópoles de Tokyo e Osaka  (desculpai-me a versão anglófona destes nomes, mas a verdade é que o hábito já está demasiado assimilado para deixar agora de escrever os nomes assim -, fontes directas , dizia eu, de inspiração do clássico de Ridley Scott "Blade Runner" ou quasi-cenário das odisseias pós-apocalíticas-versão-desenho-animado de "Akira" e "Ghost In The Shell" - quem nunca ouviu falar destas coisas?
Momento para um especial esclarecimento: acabei à instantes de mencionar os nomes de duas das maiores e mais conhecidas cidades do País do Sol Nascente, mas a verdade é que me encontro bem longe de ambas: os meus queridos leitores terão melhores chances de me ver algures no Tenjin, centro da mais pacata, ou melhor, "moderada" cidade de Fukuoka, também por vezes tratada pelo nome mais coloquial de Hakata, Kyushu-Norte, a uns bons 500 Kilómetros a sudoeste de Osaka, ou seja, bem mais próximo dos lugares onde aportavam outrora os tais Nan Ban Jin, remotos "bárbaros do sul" que pela segunda metade do Século XIV trataram de dar à costa, vindos de um certo Portugal, e intrometer-se nos modos e costumes das gentes "dos Japões". Mas esse é assunto ao qual espero tornar noutra altura, em momento mais oportuna e com outra pertinência.
Não sei ainda se vim para ficar - não me refiro tanto ao Japão, mas antes à bloggoesfera (é assim que se escreve? ou leva só um ?), mas, enfim, deu-me para isto e afinal para que servem os "blogues" se não para quando nos dá para isto?
Conto, sempre, dar-vos BOAS NOTÍCIAS.